Comentários sobre o
livro Viver é a melhor opção: a prevenção
do suicídio no Brasil e no mundo.
Marco Milani*
Lançado em maio de 2015 pela Editora Espírita
Correio Fraterno, o livro de autoria do jornalista André Trigueiro é uma obra
muito bem-vinda aos leitores espíritas. Com redação clara e dados
fundamentados, a problemática do suicídio é abordada de maneira ponderada e
pertinente, despertando a atenção sobre um assunto geralmente tratado com
superficialidade e reservas.
Nos capítulos iniciais, diante de um total de
sete, Trigueiro apresenta um panorama realista sobre a gravidade da incidência
de atos direcionados contra a própria vida. Aproximadamente 804 mil pessoas
cometeram suicídio em 2012, segundo a Organização Mundial de Saúde e, ainda,
para cada morte calcula-se cerca de 20 tentativas fracassadas, o que permite
supor que anualmente 16 milhões de pessoas no mundo tentem se matar. São
números expressivos e preocupantes, que apontam para a necessidade de maior
diálogo, esclarecimento e métodos de prevenção em toda a sociedade.
Um fato significativo, destacado por Trigueiro,
é que 90% desses casos estão associados a transtornos mentais e,
potencialmente, poderiam ser evitados com acompanhamento e tratamentos
adequados. Milhares de vidas poderiam ter sido salvas se essas vítimas de si
mesmas tivessem acesso às informações sobre o que estavam passando e como serem
auxíliadas. A depressão, por exemplo, é um desses transtornos associados à
vontade de não mais querer viver, mas que pode ser cuidada com a atenção
especializada.
Um dos aspectos interessantes do livro é a
crítica que o autor faz sobre o comportamento dos profissionais de comunicação
diante desse problema, o qual deveria ser tratado com transparência,
objetividade e respeito, mas infelizmente não é sempre conduzido congruentemente.
Como jornalista, Trigueiro conhece o papel relevante da mídia e as dificuldades
enfrentadas para que esse tema possa ser discutido de forma aberta e com a
abrangência exigida para que toda a população seja atingida. Quanto menos
informação, menor o esclarecimento e maiores serão os equívocos sobre o
assunto. O autor faz sugestões oportunas sobre como lidar com essas questões e
oferece dicas úteis e reflexões aos comunicadores profissionais.
As principais causas relacionadas ao suicídio
são analisadas sinteticamente, proporcionando ao leitor a compreensão objetiva
sobre a motivação e os fatores envolvidos no problema. Pesquisas científicas e comentários
de especialistas da área de saúde são referidos para embasar a argumentação e
apontar os desafios e possíveis soluções para atenuar essa difícil situação.
O último capítulo aborda o suicídio sob a
perspectiva espírita. Questões e trechos contidos nas obras de Allan Kardec,
particularmente em O Livro dos Espíritos
e O Céu e o Inferno, destacam a
jornada evolutiva do indivíduo, a necessidade de preservação e valorização da
vida e as consequências geradas pelo suicídio.
O autor faz um alerta de que o ato contra a
vida pode ser caracterizado de forma direta ou indireta. Os relatos do espírito
André Luiz, presentes nos livros Nosso
Lar, Missionários da Luz e Ação e Reação enriquecem a abordagem sobre a
realidade espiritual. A dor e o sofrimento, são discutidos brevemente com base
no livro O problema do ser, do destino e
da dor, de Leon Denis.
Apropriadamente, Trigueiro cita Yvonne Pereira,
não somente para enfatizar as dificuldades inerentes ao desencarne de suicidas
descritas em uma das obras mais famosas na literatura espírita sobre o tema, Memórias de um suicida, como também para
destacar a influência que essa obra teve na criação do Centro de Valorização da
Vida (CVV), uma das organizações mais importantes no papel de prevenção.
No livro Pelos
caminhos da mediunidade serena, Yvonne Pereira afirma que a inauguração do
primeiro posto de atendimento do CVV, em 1962, foi inspirada nos relatos de Memórias de um suicida, de 1955.
Diversas orientações de Joanna de Angelis são citadas para enaltecer a busca da saúde mental.
A relevância e a atualidade social do tema trazido por André Trigueiro fazem com que esta obra seja recomendada não somente aos adeptos do Espiritismo, mas ao público em geral.
A relevância e a atualidade social do tema trazido por André Trigueiro fazem com que esta obra seja recomendada não somente aos adeptos do Espiritismo, mas ao público em geral.
* Diretor do
Departamento do Livro da USE Regional São Paulo.
Texto também publicado em: http://useregionalsp.com.br/portal/artigos-espiritas/239-comentarios-sobre-o-livro-qviver-e-a-melhor-opcaoq-de-andre-trigueiro
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