CAPÍTULO
VII – AS PENAS FUTURAS SEGUNDO O ESPIRITISMO
CÓDIGO
PENAL DA VIDA FUTURA
O Espiritismo não se apoia, pois, numa autoridade de natureza particular
para formular um código fantasioso. Suas leis, no que toca ao futuro da alma
são deduzidas de observações positivas sobre os fatos e podem ser resumidas da
maneira seguinte:
1º) A alma ou Espírito sofre na vida espiritual as consequências de
todas as imperfeições de que não se libertou durante a vida corpórea. Seu
estado feliz ou infeliz é inerente ao grau de sua depuração ou das suas
imperfeições.
2º) A felicidade perfeita é inerente à perfeição, quer dizer à
purificação completa do Espírito. Toda imperfeição é ao mesmo tempo uma causa
de sofrimento e de privação de ventura, da mesma maneira que toda qualidade
adquirida é uma causa de ventura e de atenuação dos sofrimentos.
3º) Não há uma só imperfeição da alma que não acarrete consequências
desagradáveis, inevitáveis, e não há uma só qualidade boa que não seja fonte de
ventura. A soma das penas é assim proporcional à soma das imperfeições, como a
dos gozos é proporcionada à soma das boas qualidades.
A alma que tiver, por exemplo, dez imperfeições, sofrerá mais do que
aquela que tiver apenas três ou quatro. Quando dessas dez imperfeições só lhe
restarem um quarto ou a metade, ela sofrerá menos, e quando nada mais restar,
ela nada sofrerá, sendo perfeitamente feliz. É como acontece na Terra: aquele
que sofre de muitas doenças padece mais do que o que sofre apenas de uma ou não
tem nenhuma. Pela mesma razão, a alma que possui dez qualidades boas goza de
mais felicidade que a outra que possui menos.
4º) Em virtude da lei do progresso, tendo cada alma a possibilidade de
conquistar o bem que lhe falta e libertar-se do que possui de mal, segundo os
seus esforços e a sua vontade, resulta que o futuro está aberto para qualquer
criatura. Deus não repudia nenhum de seus filhos. EIe os recebe em seu seio à
medida que eles atingem a perfeição, ficando assim a cada um o mérito das suas
obras.
5º) O sofrimento sendo inerente à imperfeição, como a felicidade é
inerente à perfeição, a alma leva em si mesma o seu próprio castigo onde quer
que se encontre. Não há pois necessidade de um lugar circunscrito para ela. O
inferno está assim por toda a parte, onde quer que existam almas sofredoras,
como o céu está por toda a parte, onde quer que as almas sejam felizes.
6º) O bem e o mal que praticamos são resultados das boas e das más
qualidades que possuímos. Não fazer o bem que se pode fazer é uma prova de
imperfeição. Se toda a imperfeição é fonte de sofrimento, o Espírito deve
sofrer não só por todo o mal que tenha feito, mas também por todo o bem que
podia fazer e que não fez durante a sua vida terrena.
7º) O Espírito sofre segundo o que fez sofrer, de maneira que sua
atenção estando incessantemente voltada para as consequências desse mal, ele
compreende melhor os inconvenientes do seu procedimento e é levado a se
corrigir.
8º) A justiça de Deus sendo infinita, todo o mal e todo o bem são
rigorosamente Ievados em conta. Se não há uma única ação má, um só mau
pensamento que não tenha consequências fatais, também não há uma única ação
boa, um só bom movimento da alma, numa palavra, o mais ligeiro mérito que fique
perdido. E isso, mesmo entre os mais perversos, porque representam um começo de
progresso.
9º) Toda falta que se comete, todo mal praticado é uma dívida contraída
e que tem que ser paga. Se não for nesta existência, será na próxima ou nas
seguintes, porque todas as existências são solidárias entre si. Aquilo que se
paga na existência presente não será cobrado na seguinte.
10º) O Espírito sofre de acordo com as suas imperfeições, seja no mundo
espiritual, seja no corporal. Todas as misérias, todas as dificuldades que ele
enfrenta na vida corpórea são as consequências de suas próprias imperfeições,
as expiações de faltas cometidas nesta mesma existência ou nas existências
anteriores.
Pela natureza dos sofrimentos e das dificuldades que ele enfrenta na
vida corpórea, podemos julgar a natureza das faltas cometidas numa existência
anterior e quais as imperfeições que as causaram.
11º) A expiação varia segundo a natureza e a gravidade da falta. A mesma
falta pode assim provocar expiações diferentes, segundo as circunstâncias
atenuantes ou agravantes nas quais ela foi cometida.
12º) Não há, no tocante à natureza e a duração do castigo, nenhuma regra
absoluta e uniforme. A única lei geral é a de que toda falta recebe uma punição
e toda boa ação tem a sua recompensa segundo o seu valor.
13º) A duração do castigo está subordinada ao melhoramento do Espírito
culpado. Nenhuma condenação é pronunciada contra ele por tempo determinado. O
que Deus exige para termo dos sofrimentos é uma melhora verdadeira, efetiva,
com um retorno sincero ao bem.
O Espírito é assim e sempre o árbitro do seu próprio destino. Pode
prolongar os seus sofrimentos pelo seu endurecimento no mal e abrandá-los e até
mesmo abreviá-los pelos seus esforços em praticar o bem.
Uma condenação por tempo determinado, qualquer que fosse esse tempo,
teria o duplo inconveniente de fazer o Espírito sofrer inutilmente depois de
melhorado, ou de cessar antes que ele se libertasse do mal. Deus, que é justo,
pune o mal enquanto ele existe, e deixa de punir quando o mal deixou de
existir. Ou, se quisermos, sendo o mal moral a própria causa do sofrimento,
este dura somente enquanto aquele subsiste e a sua intensidade diminui à medida
que o mal vai desaparecendo.
14º) A duração do castigo estando subordinada ao melhoramento do
Espírito, disso resulta que o culpado que não se melhorasse continuaria
sofrendo sempre, e que para ele a pena seria eterna.
15º) Uma condição que é inerente à inferioridade dos Espíritos é a de
não ver o termo de sua situação e acreditar que sofrem para sempre. Isso faz
que para eles o castigo pareça eterno.
16º) O arrependimento é o primeiro passo para o melhoramento. Mas ele
apenas não basta, sendo necessárias ainda a expiação e a reparação.
Arrependimento, expiação e reparação são as três condições necessárias para
apagar os traços de uma falta e as suas consequências.
O arrependimento suaviza as dores da expiação, porque desperta esperança
e prepara a reabilitação, mas somente a reparação pode anular o efeito ao
destruir a causa. O perdão seria uma graça e não uma anulação da falta.
17º) O arrependimento pode ocorrer em qualquer lugar e tempo. Se ele for
tardio, o culpado sofre por mais tempo.
A expiação consiste nos sofrimentos físicos e morais que são a consequência
da falta cometida, seja desde a vida presente ou seja após a morte, na vida
espiritual, ou ainda numa nova existência corpórea, até que os traços da falta
tenham desaparecido.
A reparação consiste em praticar o bem para aquele mesmo, a quem se fez
o mal. Aquele que não repara os seus erros nesta vida, por fraqueza ou má
vontade, tornará a encontrar-se, numa outra existência, com as mesmas pessoas
que ofendeu, e em condições escolhidas por ele mesmo para poder provar-lhes o
seu devotamento, fazendo-lhes tanto bem quanto o mal que havia feito.
Nem todas as faltas acarretam um prejuízo direto e efetivo. Nesses
casos, a reparação se realiza fazendo-se o que se deixou de fazer, cumprindo-se
os deveres que foram negligenciados ou desprezados, as missões em que se tenha
falido, praticando-se o bem reparador do mal que se fez. Isso quer dizer, sendo
humilde quando se foi orgulhoso, bondoso quando se foi duro, caridoso quando se
foi egoísta, benevolente quando se foi maldoso, trabalhador quando se foi preguiçoso,
útil quando se foi inútil, temperante quando se foi dissoluto, bom exemplo
quando se foi mau e assim por diante. É dessa maneira que o Espírito progride,
tornando proveitoso o seu passado.
18º) Os Espíritos imperfeitos são afastados dos mundos felizes porque
perturbariam a sua harmonia. Permanecem nos mundos inferiores onde expiam as
suas faltas pelas tribulações da vida e se libertam das suas imperfeições, até
merecerem encarnar-se em mundos moral e fisicamente mais adiantados.
Se podemos conceber um lugar de castigo determinado é precisamente nos
mundos de expiação, pois é ao redor desses mundos que pululam os Espíritos
imperfeitos desencarnados, esperando uma nova existência que, permitindo-lhes a
reparação do mal que fizeram, os ajudará a progredir.
19º) Como o Espírito conserva sempre o seu livre-arbítrio, melhora às
vezes de maneira lenta e sua obstinação no mal é bastante tenaz. Pode persistir
nessa situação durante anos e séculos, mas chega sempre o momento em que a sua
teimosia em desafiar a justiça de Deus se abate diante do sofrimento, e então,
malgrado a sua fanfarronice, ele reconhece o poder superior que o domina. Desde
o momento em que manifesta as primeiras luzes do arrependimento, Deus o faz
entrever a esperança.
Nenhum Espírito está na condição de nunca se melhorar. Se assim fosse
ele estaria fatalmente destinado a uma eterna situação de inferioridade e
escaparia à lei da evolução que rege providencialmente todas as criaturas.
20º) Sejam quais forem a inferioridade e a perversidade dos Espíritos,
Deus jamais os abandona. Todos têm o seu anjo da guarda que vela por eles,
vigia as expansões da sua alma e se esforça para despertar-lhes bons
pensamentos, desejos de progredir e de reparar numa nova existência o mal que
tenham feito. Não obstante, o guia ou protetor age na maioria das vezes de
maneira oculta, sem exercer nenhuma pressão. O Espírito deve melhorar-se pela
força de sua própria vontade e não por força de qualquer constrangimento. Deve
agir bem ou mal em virtude de seu livre-arbítrio, sem ser fatalmente empurrado
num sentido ou noutro. Se fizer o mal, sofrerá as suas consequências enquanto
permanecer no mau caminho. Desde que dê um passo em direção ao bem sentirá
imediatamente os seus resultados.
Observação: Seria errôneo acreditar que, em virtude da lei do progresso,
a certeza de chegar cedo ou tarde à perfeição e à felicidade pode ser um
encorajamento a permanecer no mal, esperando arrepender-se mais tarde.
Primeiro, o Espírito inferior não vê a possibilidade de um fim para a sua
situação; segundo, sendo ele o artífice da sua própria desgraça, acaba por
compreender que dele depende fazê-la cessar e que quanto mais persistir no mal
mais longa será a sua infelicidade, pois o seu sofrimento durará sempre se ele
próprio não lhe puser um termo. Esse seria, de sua parte, um cálculo errado,
com o qual se enganaria a si mesmo. Se, pelo contrário, segundo o dogma das
penas irremissíveis, toda esperança lhe fosse negada, ele não teria nenhum
interesse em retornar ao bem, pois isso não lhe daria nenhum proveito.
Perante esta lei cai igualmente a objeção referente à presciência. Deus,
ao criar uma alma sabe realmente se em virtude do seu livre-arbítrio ela tomará
o bom ou o mau caminho; sabe que ela será punida se praticar o mal; mas sabe
também que esse castigo temporário é um meio de a levar a compreender o seu
erro e de a fazer entrar no bom caminho, ao qual cedo ou tarde chegará. Segundo
a doutrina das penas eternas, Deus sabe que a alma falirá, e assim ela já está
previamente condenada às torturas sem fim.
21º) Cada um só é responsável pelas suas próprias faltas. Ninguém sofre
penalidades pelas faltas alheias, a menos que para isso tenha dado algum
motivo, seja provocando-as pelo seu exemplo, seja deixando de impedi-las quando
podia fazê-lo.
É assim, por exemplo, que o suicida é sempre punido, mas aquele que, por
sua dureza de coração, leva um indivíduo ao desespero e daí ao suicídio, sofre
uma pena ainda maior.
22º) Embora a diversidade de punições seja infinita, existem as que são
inerentes à inferioridade dos Espíritos e cujas consequências, salvo algumas
nuanças, são mais ou menos idênticas.
A punição mais comum, entre os que são sobretudo apegados à vida
material e negligenciam o progresso espiritual, consiste na lentidão com que se
processa a separação da alma e do corpo, e portanto nas angústias que
acompanham a morte e o despertar na outra vida, na duração das perturbações que
podem então durar desde meses até anos. Entre os que, pelo contrário, tendo uma
consciência pura, identificam-se durante a vida corpórea com a vida espiritual
e libertam-se das coisas materiais, a separação é rápida, sem dificuldades, e o
despertar aprazível, sendo a perturbação quase inexistente.
23º) Um fenômeno muito frequente entre os Espíritos de um certo grau de
inferioridade moral consiste em se acreditarem ainda vivos após a morte, e essa
ilusão pode se prolongar durante anos, através dos quais eles experimentam
todas as necessidades, todos os tormentos e todas as perplexidades da vida.
24º) Para o criminoso, a visão incessante de suas vítimas e das
circunstâncias do crime é um suplício cruel.
25º) Alguns Espíritos são mergulhados em trevas espessas. Outros são
postos num isolamento absoluto, no espaço, atormentados pelo fato de não
saberem qual a sua condição e o seu destino. Os maiores culpados sofrem
torturas que são tanto mais pungentes quanto ignoram o seu fim. Muitos ficam
privados de verem os seus seres queridos. Todos, em geral, passam por
sofrimentos cuja intensidade é relativa aos males que praticaram, às dores e
necessidades que fizeram os outros sofrer, até que o arrependimento e o desejo
de reparação, venham trazer-lhes um abrandamento ao fazê-los entrever a
possibilidade de dar, por si mesmos, um fim a essa situação.
26º) É um suplício para o orgulhoso ver acima dele, gloriosos e
radiantes de alegria, os que ele havia desprezado na Terra, ao mesmo tempo que
ele é relegado aos últimos lugares. Para o hipócrita, ver-se trespassado pela
luz que revela os seus mais secretos pensamentos, que todos podem ler, não
havendo para ele nenhum meio de se esconder ou se disfarçar. Para o sensual é
um suplício passar por todas as tentações, todos os desejos, sem poder
satisfazê-los. Para o avarento, ver o seu ouro desperdiçado e não poder
retê-lo. Para o egoísta, ser abandonado por todos e sofrer tudo aquilo que os
outros sofreram dele: terá sede e ninguém lhe dará de beber; terá fome e
ninguém lhe dará de comer; nem uma só mão amiga virá apertar a sua, nenhuma voz
compassiva virá consolá-lo, pois ele só pensou em si durante a vida e ninguém
agora pensa nele nem o lamenta após a sua morte.
27º) O meio de evitar ou atenuar as consequências de suas faltas na vida
futura é desfazer-se o mais possível dos seus defeitos na vida presente,
reparar aqui mesmo o mal para não ter de repará-lo mais tarde e de maneira mais
terrível. Quanto mais demorarmos a deixar os nossos defeitos, mais as suas consequências
se tornarão penosas e mais rigorosas será a reparação que tivermos de fazer.
28º) A situação do Espírito, desde a sua entrada na vida espiritual, é
aquela que ele mesmo se preparou durante a sua vida corporal. Mais tarde, outra
encarnação lhe é concedida para expiar e reparar a anterior, passando por novas
provas. Mas ele a aproveitará em maior ou menor grau, segundo o seu
livre-arbítrio. Se não a aproveitar, terá um trabalho a recomeçar, e cada vez em
condições mais penosas. Dessa maneira, aquele que muito sofre na Terra pode
dizer que tem muito a expiar. Os que gozam de uma felicidade aparente, malgrado
os seus vícios e sua inutilidade, pagarão caro numa existência posterior. Foi
nesse sentido que Jesus disse: Bem aventurados os aflitos porque serão
consolados. (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. V.)
29º) A misericórdia de Deus é sem dúvida infinita, mas não é cega. O
culpado que ela perdoou não está dispensado de satisfazer a justiça, passando pelas
consequências de suas faltas. Por misericórdia infinita é necessário entender
que Deus não é inexorável, deixando sempre aberta ao culpado a porta de retorno
ao bem.
30º) As penas sendo temporárias e subordinadas ao arrependimento e à
reparação, que dependem da livre vontade do homem, acontece o mesmo com os
castigos e os remédios que devem ajudar a curar as feridas do mal. Os Espíritos
em punição não se encontram na situação dos antigos condenados às galeras, mas
como os doentes no hospital. Sofrem a doença que frequentemente decorre de suas
próprias faltas e passam por meios dolorosos de cura de que necessitam, mas têm
a esperança de ser curados e se curam tanto mais rapidamente, quanto observarem
com exatidão as prescrições do médico que solicitamente vela por eles. Se eles
prolongam os sofrimentos por sua própria culpa, o médico nada tem com isso.
31º) As penas que o Espírito sofre na vida espiritual juntam-se às da
vida corporal, que são a consequência das imperfeições do homem, de suas
paixões, do mau emprego de suas faculdades, e a expiação de suas faltas
presentes e passadas. É na vida corporal que o Espírito repara o mal de suas
existências anteriores, que põe em prática as resoluções tomadas na vida
espiritual. É assim que se explicam as misérias e as dificuldades que, à
primeira vista, parecem não ter razão de ser, mas na verdade são justas desde
que foram determinadas no passado e servem para o nosso adiantamento.
32º) Deus, pergunta-se, não demonstraria maior amor por suas criaturas
se as criasse infalíveis e portanto isentas das vicissitudes decorrentes da
imperfeição? Seria necessário, para isso, que ele criasse seres perfeitos, nada
tendo a conquistar, nem em conhecimentos e nem em moralidade. Não há dúvida que
o podia fazer, mas se não o fez é porque, na sua sabedoria quis que o progresso
fosse uma lei geral. Os homens são imperfeitos e, como tal, sujeitos às
vicissitudes mais ou menos penosas. Esse é um fato que temos de aceitar, desde
que existe. Mas inferir disso que Deus não é bom nem justo seria uma rebeldia.
Haveria injustiça se ele tivesse criado seres privilegiados, mais favorecidos
que os outros, gozando sem esforço da felicidade que os outros só atingem
penosamente ou jamais poderiam atingir. A justiça de Deus brilha precisamente
na igualdade absoluta que rege a criação de todos os Espíritos. Todos têm o
mesmo ponto de partida; não há nenhum que seja, na sua formação, mais bem
dotado que os outros; nenhum cuja marcha ascensional seja facilitada por
exceção; os que chegam ao alvo passaram, como os outros, pela fieira das provas
e da inferioridade.
Admitindo-se isso, o que haveria de mais justo do que essa liberdade de
ação dada a cada um? A via da felicidade está aberta a todos, o objetivo de
todos é o mesmo, as condições para atingi-lo são as mesmas para todos e a lei
gravada em todas as consciências foi ensinada a todos. Deus fez da felicidade o
prêmio do trabalho e não do favoritismo para que cada um tenha o seu mérito.
Todos são livres de trabalhar ou de nada fazer para o seu adiantamento. Aquele
que trabalha bastante e com rapidez é recompensado mais cedo, mas aquele que se
desvia do caminho ou perde o seu tempo, retarda a sua chegada e só pode
lamentar de si mesmo. O bem e o mal são facultativos e dependem da vontade de
cada um. O homem, por ser livre, não é fatalmente levado, nem para um, nem para
o outro.
33º) Apesar da diversidade de gêneros e graus de sofrimento dos
Espíritos imperfeitos, o código penal da vida futura pode se resumir nestes
três princípios:
1º) O sofrimento é inerente à imperfeição.
2º) Toda imperfeição, e toda a falta que dela decorre, trazem o seu próprio
castigo nas suas consequências naturais e inevitáveis, como a doença decorre
dos excessos, o tédio da ociosidade, sem que haja necessidade de uma condenação
especial para cada falta e cada indivíduo.
3º) Todo homem podendo corrigir as suas imperfeições pela sua própria
vontade, pode poupar-se os males que delas decorrem e assegurar a sua
felicidade futura.
Essa é a lei da justiça divina: a cada um segundo as suas obras, tanto no céu como na Terra.
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