Pandemia
e prosperidade
Há
pouco mais de um ano, a perplexidade diante das mudanças provocadas pela
pandemia da Covid-19 fez com que a população mundial questionasse, sem receber
respostas diretas e objetivas, sobre a origem e a duração de tal flagelo.
As
necessárias medidas sanitárias para se combater a propagação do novo
coronavírus (SARS-CoV-2) alteraram bruscamente a rotina de bilhões de
indivíduos, que se viram obrigados a mudar hábitos sociais com fortes reflexos
econômicos, os quais podem ser considerados um dos mais impactantes na história
recente da humanidade.
Nos
centros espíritas, a interrupção temporária das atividades presenciais levou
dirigentes e colaboradores a repensarem o próprio modelo de prestação de
serviços assistenciais e educacionais que estava consolidado há décadas.
Concomitantemente, os frequentadores e beneficiários dos serviços desses mesmos
centros foram instados a também refletirem sobre como suprir suas próprias
necessidades.
Diversas
iniciativas foram desenvolvidas para oferecer atividades à distância,
servindo-se de ferramentas de comunicação eletrônica. Principalmente os
serviços de cursos regulares, grupos de estudo, palestras e seminários foram
rapidamente estruturados, não sem esforço adaptativo e com o esperado
aprendizado de uso das respectivas ferramentas. É de se notar que parcela
significativa dos antigos participantes das atividades presenciais adequaram-se
com a mesma celeridade às novas formas de comunicação, enquanto outros, em
menor número, enfrentaram algum tipo de desconforto pela falta de familiaridade
e ou de acesso às ferramentas eletrônicas.
As
reuniões e muitas tarefas administrativas também passaram a ser realizadas
remotamente, identificando-se vantagens nesse tipo de interação considerando o
ganho de tempo e redução de custos de deslocamento físico.
A
assistência por meio da fluidoterapia também foi adaptada, enfatizando-se a
possibilidade de atendimento à distância, observando-se determinadas condições
de predisposição, dedicação e intenção do assistido.
Com
relação às chamadas reuniões mediúnicas, a necessidade do estudo e da
disciplina mostraram-se fundamentais, pois reforçou-se que, mais importante do que
o fenômeno em si, é a busca do autoaprimoramento moral e intelectual do médium,
além de que não há qualquer obrigação ou necessidade de continuar a promover
fenômenos de intercâmbio quando não se estiver em ambiente apropriado para isso.
A
União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo divulgou, nesse período,
informações e orientações relevantes que em muito auxiliaram os dirigentes de
centros a enfrentarem esses novos desafios, inclusive a preparem-se para o
eventual retorno às atividades presenciais. Ver, por exemplo, o documento
Orientação ao Centro Espírita, disponível em https://usesp.org.br/wp-content/uploads/2020/09/OCE-RAtividades-DC.pdf.
O enfrentamento dos transtornos provocados
pela pandemia, como por qualquer flagelo natural, são provas que proporcionam
ao homem a ocasião de exercitar a inteligência, de mostrar a sua paciência e a
sua resignação ante a vontade de Deus expressas pelas leis da natureza, ao
mesmo tempo que lhe permitem desenvolver a solidariedade e o amor ao próximo.
Flagelos
não são agradáveis e muito menos desejáveis, sob nossa perspectiva humana, mas
uma vez que existem, são oportunidades para nos fortalecer e superarmos temores
e ansiedades, como regularmente temos em diferentes épocas, desde as
primitivas.
Ao
contrário de supostas mensagens mediúnicas de tom alarmista, místico e
supersticioso, o atual flagelo não representa, isoladamente, um sinal de
regeneração da humanidade, pois se assim fosse, os inúmeros flagelos anteriores
também o seriam.
A
superstição e a atração a teorias conspiratórias estão presentes no discurso de
parcela significativa da população, inclusive entre aqueles que se declaram
espíritas, pois não é o rótulo religioso ou filosófico que garante o exercício
da fé raciocinada.
No
Capítulo 18, de A Gênese, verifica-se que a transformação da humanidade é moral
e não física ou provocada por cataclismos. É o gradual aprimoramento dos
indivíduos que refletirá nas famílias, nas sociedades e no planeta.
Allan
Kardec indagou aos Espíritos sobre a mesma problemática do bem e do mal e,
dentre outros tópicos, sobre os flagelos humanos e a justiça divina.
As respostas mediúnicas obtidas por Kardec nas questões 737 a 741 de O Livro dos Espíritos favorecem o esclarecimento sobre o processo evolutivo do ser espiritual em detrimento da matéria transitória. Sinteticamente, o que parece ser um castigo é, na verdade, uma oportunidade de aprimoramento moral e intelectual, individual e coletivo, reflexo natural da marcha evolutiva em que se encontra o Homem e de suas necessidades correlatas. Essa ordem só faz sentido abandonando-se as explicações materialistas ou aquelas que desembocam nos mistérios igrejeiros e abraçando-se o princípio da pluralidade das existências humanas guiadas por leis naturais imutáveis fundamentadas justiça e amor divinos para a realização da perfeição espiritual de que os seres são suscetíveis. Todos prosperaremos.
Fonte: https://usesp.org.br/wp-content/uploads/2021/05/DE183.pdf
Excelentes esclarecimentos!
ResponderExcluirMuito bem analisado. abraços
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