Chicomedissismo: o problema continua
Marco Milani
Texto publicado na Revista Dirigente Espírita,
ed. 200, abr/jun 2024, p.15
Em
2021, o Departamento de Doutrina da USE promoveu uma interessante roda de
conversa virtual denominada “O problema do Chicomedissismo”[1], no qual foram
apresentadas situações em que uma ou outra pessoa afirmava ter convivido com
Francisco Cândido Xavier e ouvido diretamente dele, em tom de confidência,
informações sigilosas, quase proféticas, sobre diferentes assuntos.
Passados
três anos desse evento, e mais de duas décadas da desencarnação do popular
médium mineiro, o número de confidentes de Chico parece ter aumentado...
Hoje
em dia, novos “amigos íntimos” surgem repentinamente nas redes sociais com
retumbantes e questionáveis revelações sobre o destino da humanidade e sobre a
realidade espiritual, amparando-se na conhecida justificativa do “Chico me
disse”.
Sob
a perspectiva espírita, qualquer informação, seja ela proveniente de encarnado
ou desencarnado, deve ser analisada com ponderação e razão, nunca baseada em
argumento de autoridade, ou seja, não importa quem disse, mas qual é a
comprovação existente do conteúdo.
No
caso de Chico, sua inegável idoneidade moral e capacidade mediúnica o
transformou num ícone do movimento espírita não somente brasileiro, mas
mundial. Nesse sentido, muitos dos milhões de adeptos, pelo natural respeito e
admiração a ele, tendem a aceitar com muito carinho tudo o que lhe esteja
relacionado, mesmo que isso não dispense a necessidade de análise crítica.
O
desafio metodológico enfrentado pelos adeptos, entretanto, recai na separação
entre ideias e pessoas, bem como entre fatos e fantasias.
Ao
utilizar o argumento chicomedissista, muitos têm atraído os holofotes
midiáticos e locupletam-se com a visibilidade pessoal e a oportunidade de
disseminar causos e contos mirabolantes que colidem com o bom senso e a lógica
doutrinária.
Tais
caronistas da popularidade alheia encontram no permissivo ambiente tecnológico
atual o espaço para dar vazão às suas imaginativas estórias, iludindo e
confundindo os mais incautos e contribuindo para a disseminação da fé cega.
Certamente,
por não estar fisicamente entre nós, Chico não pode se defender das bizarrices
atribuídas a ele por aqueles que declaram ter sido “seus amigos muito próximos”
que, se realmente o fossem, não tentariam usurpar sua imagem social desse
jeito.
Seja
como for, compete ao espírita estudar as obras de Allan Kardec para ter
referências comparativas seguras sobre a natureza, origem e destino dos
Espíritos e suas relações com o mundo corporal[2] e, dessa maneira,
conseguir analisar criticamente qualquer informação sob o ângulo doutrinário.
[1] Ver
https://youtu.be/kSCHo7fqUy8?si=NJvHcCjqHfv66pNo
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