Círculo Científico de Minerva
Circolo Scientifico della Minerva
(1899 - 1904)
Em janeiro de 1899, Ernesto
Bozzano fundou o Círculo Científico de Minerva, um grupo formado por pesquisadores e professores da Universidade de Gênova (Itália), dedicado à investigação experimental da mediunidade. Destacaram-se as experiências com a médium Eusápia Palladino.
Em cinco anos de trabalho, outros cientistas italianos e estangeiros se uniram ao grupo, marcado pelo rigor metodológico. O grupo recebeu destaque na imprensa italiana e internacional.
Dentre os pesquisadores participantes, encontram-se:
Dentre os pesquisadores participantes, encontram-se:
- Francesco Porro, Professor da Universidade de Genova;
- Angelo Brofferio,
Cientista italiano, Professor de Filosofia, de Milão; que aceitou as
manifestações espíritas, após suas experiências com a mediunidade de Eusápia
Paladino;
- Césare Lombroso, Doutor,
antropólogo e notável criminalista italiano;
- Hércules Chiaia, Doutor,
cientista italiano, introdutor do Espiritismo em Nápoles. Sua desencarnação
ocorreu exatamente no dia em que corrigiu a última palavra do seu livro "O
Espiritismo";
- Giuseppe Gerosa, Professor
de Física da Escola Real Superior de Agricultura de Porcini;
- Giovanni Schiaparelli,
Diretor do Observatório Astronômico de Milão;
- G.M. Ermacora, Professor
de Física, em Pádua;
- Enrico Morselli,
notabilíssimo psiquiatra;
- Alexandre Aksakof, Conde,
Doutor em Filosofia, lente da Academia de Leipzig, diretor do jornal
"Psychische Studien" (Estudos Psíquicos);
- Charles Richet, Médico e
fisiologista francês (1850-1935), Doutor, Professor-Adjunto da Faculdade de
Medicina de Paris e Diretor de "Annales des Sciences Psychiques",
órgão oficial da "Societé Universelle d´Études Psychiques", de Paris,
França.
Nessas sessões, haviam impressionantes manifestações mediúnicas, tanto intelectuais e manifestações físicas, tais como: psicofonia, psicografia, xenoglossia, voz e escrita diretas, a levitação e materialização. A demonstração de que a vida continua em outros planos se tornou uma base concreta para a fé raciocinada na imortalidade da alma e em Deus.
O desenvolvimento das
reuniões no Círculo Científico de Minerva resultou em dezenas de monografias
e obras na qual constituiu um material muito valioso para o entendimento sobre a
Doutrina Espírita. Ernesto Bozzano é um dos autores mais profícuos.
Seguem algumas das experiências realizadas pelo Circolo
Scientifico della Minerva, em Gênova.
As sessões realizadas pelo Círculo Científico de Minerva (Do livro Hipnotismo e Mediunidade, de C.Lombroso)
A médium Eusápia Palladino
seguia, com frequência, as experiências sugeridas pelo capricho dos presentes. Certa noite, pedimos que
trasladasse para a mesa uma trombeta que estava sobre uma cadeira, no ângulo do
gabinete mediúnico, e enquanto víamos Eusápia imóvel, sentimos a trombeta cair
no chão, e depois, por longos minutos, ouvimo-la mover-se ligeiramente, como se
uma mão a empurrasse, sem pegá-la.
Tendo um dos assistentes
estendido os interruptores da luz elétrica que lhe havíamos confiado, rumo do
gabinete e a cerca de dois metros de Eusápia, dito: “Pega!”, imediatamente lhe
tiraram da mão o cordão a que estavam unidos os interruptores e que se lhe
deslizou por entre os dedos quase um metro; atraindo-o com violência, sentiu
uma resistência elástica, mas forte.
Depois de movimentos de
estica e afrouxa, exclamou: “Faça luz!”, e uma das lâmpadas acendeu.
Esses exercícios algumas
vezes são tão rápidos que podem surpreender e deixar a mais legítima dúvida
acerca da sua verdadeira natureza; porém, muito frequentemente são lentos, fatigantes
e revelando esforço e concentração intensa.
Durante a sessão, Morselli
sentiu que pesada mão lhe agarra o braço direito, da qual sente perfeitamente a
posição dos dedos, ao mesmo tempo em que a médium adverte ainda:
“Atento!” e a lâmpada verde acende e apaga. O
interruptor da dita lâmpada, unido a amplo cordão pendente do teto, estava no
bolso de Morselli e este não sentiu mão alguma que ali se introduzisse. Todos
observamos que a lâmpada acendeu e apagou, sem que se percebesse o ruído do
interruptor, e como para confirmar a nossa impressão, a lâmpada torna a acender
e apagar, várias vezes, de igual modo silencioso.
Não devemos esquecer uma
circunstância: o acender e apagar da lâmpada correspondiam a pequeno movimento
que o dedo indicador de Eusápia fazia na palma da minha mão.
Esta sincronia, entre os
fenômenos e os gestos da médium, havíamos encontrado quase sempre, e é notável
o fato de que, nestes casos, o esforço da médium se verifica da parte oposta
àquela em que se verifica o fenômeno; por exemplo: se o punho de Eusápia se
contrai, quem está à sua esquerda sente provavelmente um toque de mão e pode
reconhecer que tal mão é a mão direita.
Isso é um singularíssimo
cruzamento, uma inversão que pode ser importante constatar.
Forte mesa, pesando dez
quilos e trezentos gramas, situada no vão da janela e sobre a qual estavam
postos uma caixa de placas fotográficas e um metrônomo de Morselli, se
aproximou de nós e depois se distanciou. O metrônomo começou a funcionar e deu
início ao seu tique-taque regular. Após alguns minutos parou. Depois recomeçou
e tornou a parar. Não é operação difícil nem longa pôr em andamento e deter um
metrônomo, é mínima; todavia, não é operação que os metrônomos tenham o hábito
de realizar por si mesmo.
Amiúde, os objetos vindos à
mesa medianímica são acompanhados com a cortina preta, como se fossem trazidos
por pessoas escondidas no gabinete, as quais pusessem o pano entre os objetos e
suas mãos.
Em outra sessão, vimos um
dinamômetro, quase em contato com a barra da cortina, que chegou até à mesa,
movimentar-se e desaparecer por detrás da cortina. Não ouvimos o leve rumor que
houvesse feito ao pousar em algum lugar e examinamos se alguém o havia tocado;
e eis que de pronto, no gabinete e sobre a cabeça da médium, uma mão avançou
sustendo o dinamômetro em atitude de mostrá-lo. Depois retirou-se e, decorridos
alguns segundos, o dinamômetro reapareceu sobre a mesa. A agulha marca a
pressão de 100 quilogramas. É a pressão que pode dar um homem robustíssimo.
É indubitável que o pensamento
dos presentes exerce certa influência sobre os fenômenos. Parece que as nossas
palavras são escutadas como sugestão para a execução das várias manobras: se
falamos da levitação da mesa, esta se eleva; se damos golpes rítmicos sobre a
tábua da mesinha, os golpes são exatamente repetidos e quase sempre,
aparentemente, no mesmo ponto.
Entramos a discorrer sobre
os fenômenos luminosos que, algumas vezes, se manifestaram com Eusápia, e que
não mais havíamos visto nestas sessões e eis que, subitamente, vimos uma luz
que aparece sobre os joelhos da médium, desaparece, mostra-se ainda sobre a
cabeça de Eusápia, desce ao longo de seu lado esquerdo, faz-se mais vívida e
desaparece à altura do seu quadril.
Em seguida, Morselli nota ao
lado da cortina uma pessoa; sente que nela se apóia e todos vimos os braços
envoltos na cortina.
De improviso, Bozzano
colocou a cabeça na abertura da cortina para olhar no interior do gabinete e
este estava vazio. A cortina se encontrava inflada e vazia. Isto que, por um
lado, parece o relevo de um corpo humano que se move coberto pela cortina, da
outra parte é uma cavidade no estofo, um moulage. Vem à mente O homem
invisível, de Wells.
Bozzano, tocando com a mão
direita, que tem liberta, o enfunado da cortina, na parte externa, efetivamente
encontra sob o tecido a resistência de uma cabeça vivente; identificou a
fronte, deslizou a palma da mão pelas bochechas e nariz e, quando tocou os
lábios, a boca se fechou e lhe prendeu o polegar; sentiu nitidamente o morder
de uma dentadura sã.
Um carillon chega sobre a
mesa, como que caindo do alto. E ali, perfeitamente isolado, enquanto o olhamos
curiosamente, soou durante alguns segundos. Tinha a forma de minúsculo moinho
de café e esse instrumento, tão simples e tão pouco musical, para tocar,
precisava do concurso das duas mãos, uma que o mantivesse firme e outra que lhe
girasse a manivela. Apenas cessado o seu glin-glin, ouvimos o bandolim rastejar
no chão.
Bozzano viu-o sair do
gabinete e parar por detrás do Prof. Morselli, onde mal tocou duas ou três
vezes. Dali se elevou e veio para cima da mesa; girou em todo redor e terminou
por alojar-se nos braços de R., qual criança lactante. Pondo nossas mãos sobre
as cordas, nós as sentíamos vibrar por ignota força, e tínhamos assim uma prova
sobre a realidade do fenômeno.
Havíamos observado que, no
movimento do bandolim, e assim no de todos os objetos transportados, há uma
espécie de orientação, ou seja, não giram nunca, têm mais translação do que
revolução, movem-se precisamente como se fossem sustentados por uma mão e
avançam, recuam, vão à direita e à esquerda, mantendo a mesma posição.
O bandolim conservou sempre
o braço voltado para a médium.
As cadeirinhas, que fazem
seus singulares passeios e sobem sobre a mesa, apresentam-se sempre como se fossem
pegadas pelo encosto.
Morselli trouxe consigo uma
cordinha de 40 centímetros de comprimento e, em dado momento, colocou-a sobre a
mesa; a cordinha andou, indo e vindo, coleante. Quando Morselli exprimiu o
desejo de vê-la enodada, ela desapareceu no gabinete e voltou pouco depois com
três nós em lugares diferentes, nós iguais, grossos, bem feitos, simétricos,
equidistantes.
Em uma quinta sessão, na
qual Morselli havia atado perfeitamente Eusápia a uma rede, constatou, depois
de todos os fenômenos de aparições, que havia sido desatada e ligada de modo
diverso.
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