terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Um alerta contra as utopias materialistas que pregam a igualdade


Trecho sobre o verdadeiro significado de igualdade, extraído da epístola de Erasto aos espíritas lioneses - 1861. Um alerta contra as utopias materialistas.

“Acabo de pronunciar a palavra igualitária. Julgo útil deter-me um pouco nela, porque absolutamente não vimos pregar, em vosso meio, utopias impraticáveis, e também porque, ao contrário, repelimos com energia tudo quanto pareça ligar-se às prescrições de um comunismo antissocial; antes de tudo, somos essencialmente propagandistas da liberdade individual, indispensável ao desenvolvimento dos encarnados; por conseguinte, inimigos declarados de tudo quanto se aproxime dessas legislações conventuais, que aniquilam brutalmente os indivíduos. Embora eu me dirija a um auditório, em parte composto de artífices e proletários, sei que suas consciências, esclarecidas pelas irradiações da verdade espírita, já repeliram toda comunhão com as teorias antissociais dadas em apoio da palavra igualdade. Seja como for, devo restituir a ela sua significação cristã, tal como a explicara aquele que disse: “Dai a César o que é de César.” Pois bem, espíritas! a igualdade proclamada pelo Cristo, e que nós mesmos professamos nos vossos grupos amados, é a igualdade perante a justiça de Deus, isto é, nosso direito, conforme nosso dever cumprido, de subir na hierarquia dos Espíritos e um dia atingir os mundos avançados, onde reina a perfeita felicidade. Para isto não são levados em conta nem o nascimento, nem a fortuna; o pobre e o fraco a alcançam, como o rico e o poderoso, porque uns não levam materialmente mais que os outros; e como lá ninguém compra seu lugar e seu perdão com dinheiro, os direitos são iguais para todos. Igualdade diante de Deus: eis a verdadeira igualdade.
Não vos será perguntado o que possuístes, mas o uso que fizestes do que possuístes. Ora, quanto mais possuirdes, mais demoradas e mais difíceis serão as contas que tereis de prestar da vossa gestão. Assim, pois, conforme as vossas existências de missões, de provas ou de castigos nas paragens terrenas, cada um de vós, consoante as boas ou más obras, progredirá na escala dos seres ou recomeçará, mais cedo ou mais tarde, a sua existência, caso se tenha desviado.
Em consequência, repito, ao proclamar o dogma sagrado da igualdade, não vimos ensinar que aqui na Terra deveis ser todos iguais em riqueza, saber e felicidade, mas, sim, que todos chegareis, quando soar a hora e conforme os vossos méritos, à felicidade dos eleitos, partilha das almas de escol, que cumpriram seus deveres.
Meus caros espíritas, eis a igualdade à qual todos tendes direito, a que vos conduzirá o Espiritismo emancipador, a que vos convido com todas as minhas forças. Para alcançá-la, que deveis fazer? Obedecer a estas duas palavras sublimes: amor e caridade, que resumem admiravelmente a lei e os profetas. Amor e caridade! Ah! aquele que, segundo sua consciência, cumprir as prescrições desta máxima divina estará certo de subir, de transpor rapidamente os degraus da escada de Jacó e de logo atingir as esferas elevadas, de onde poderá adorar, contemplar e compreender a majestade do Eterno.”

Revista Espírita, Out/1861
Epístola de Erasto aos Espíritas Lioneses

2 comentários:

  1. Sobre o posicionamento de Kardec frente às utopias materialistas, segue o comentário presente no artigo "Sermões contra o Espiritismo" publicado na RE de fevereiro de 1863, onde Kardec rechaça a acusação do Padre Lapeyre, feita em um sermão, de que o "O Livro dos Espíritos" prega o comunismo:
    " Com efeito, é preciso estar privado de boas razões para recorrer à calúnia, como a que o representa pregando a desunião das famílias, o adultério, o aborto, o comunismo, a subversão da ordem social. Temos necessidade de refutar semelhantes asserções? Não; basta remeter ao estudo da doutrina, à leitura do que ela ensina, que é o que se faz em toda parte. Quem poderá acreditar que pregamos o comunismo depois das instruções que demos a respeito no discurso publicado in extenso no relatório de nossa viagem em 1862?"

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  2. Caridade:benevolência para com todos.indulgência para as imperfeições dos outros,perdão das ofensas.(LE,886).

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