domingo, 24 de dezembro de 2023

Jesus: guia e modelo


 Jesus: guia e modelo

 

Marco Milani

 

Texto publicado na Revista Dirigente Espírita, ed. 198, nov/dez 2023, p. 17-18

 

          Na questão nº 625 de O livro dos Espíritos, Jesus é indicado como o tipo mais perfeito que o homem pode ter como guia e modelo moral na Terra. Essa indicação não foi o resultado de uma opinião, mas decorre da concordância universal do ensino dos Espíritos, caracterizando Jesus como aquele que expressou com mais pureza as leis divinas.

          Em momento algum o homem esteve desprovido do acesso ao conhecimento de tais leis, uma vez que estão na Natureza, porém a efetiva compreensão da realidade depende do próprio processo evolutivo do ser.

          Antes de Jesus, diferentes pessoas se propuseram a revelar a verdade conforme interesses e limitações culturais inerentes a cada uma. Um equívoco comum foi confundir as leis que regem a vida da alma com aquelas que regem a vida do corpo, ou ainda, tomar como divina o que não passava de lei transitória humana para servirem às paixões e dominação.

          Mesmo trazendo as mais puras explicações e orientações alinhadas com as leis naturais, enquanto esteve encarnado Jesus frequentemente ensinou por parábolas e alegorias, respeitando a capacidade cognitiva dos homens de sua época. Destacou, também, que não se propunha a ensinar tudo, motivo pelo qual anunciou a vinda do Consolador para essa finalidade, além de lembrar seus ensinamentos que seriam esquecidos ou mal interpretados.

          Cumprindo esse papel, o Espiritismo amplia a compreensão da realidade de maneira direta, sem simbolismos e sem mensagens exclusivas a um pequeno grupo de iniciados, espargindo luzes onde as trevas da ignorância e da superstição impediam conhecer a natureza, a origem e o destino dos Espíritos, bem como suas relações com o mundo corporal.

          Ao sinalizar a moral cristã como parte integrante de seus próprios princípios e valores doutrinários, o Espiritismo expressa, dessa maneira, a Boa Nova em sua essência, interpretada e explicada diretamente pelos Espíritos, porém não se restringe aos registros históricos atribuídos a Jesus. As consequências morais que o Espiritismo aponta diante do conhecimento atual da realidade do ser e das relações universais são mais objetivas e abrangentes, típico do processo progressivo do saber humano. É inadequado, assim, tratar a doutrina espírita e a essência moral cristã como se fossem elementos separados, uma vez que essa última já está considerada no corpo teórico do Espiritismo.

          Os exemplos e ensinos de Jesus permeiam todas as obras básicas do Espiritismo, não estando encerrados em um ou outro livro. Certamente, há maior quantidade de citações sobre ele na obra que desenvolve os seus ensinamentos morais. Em O evangelho segundo o Espiritismo, contam-se 274 menções a Jesus no texto elaborado por Allan Kardec. O segundo livro, com quase tantas citações, é A gênese, com 261. Na sequência, com menor concentração de menções, estão: O livro dos Espíritos (44), O céu e o inferno (36) e O livro dos médiuns (20).

          Uma vez que Jesus e Espíritos superiores participaram da estruturação do Espiritismo, a moral cristã permaneceu em desenvolvimento e novos esclarecimentos foram fornecidos sobre a realidade espiritual.

          O método de Kardec para legitimar o ensino dos Espíritos pela universalidade é o que garante a consistência interna do corpo teórico espírita.

          Para se assumir Jesus como guia e modelo, deve-se compreender e praticar o ensino doutrinário, realizando o aperfeiçoamento moral e intelectual. Como já afirmou o Espírito da Verdade: espíritas, amai-vos e instrui-vos.

 

Fonte: https://usesp.org.br/wp-content/uploads/2023/12/reDE-198-novembro-dezembro-2023.pdf

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