segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

Respostas às questões selecionadas - Tema: Liberdade - Lucas Berlanza

 

Respostas às questões selecionadas - Tema: Liberdade - Lucas Berlanza

Link para a apresentação: https://youtu.be/oqlBBJKF-nw?si=vJvYzE6C9oKMkmj6


1) Gostaria de um esclarecimento: na pergunta 859 de OLE, diz-se que a fatalidade consiste em duas horas: a em que deveis aparecer e desaparecer - nascer e morrer; é isto? Porque, numa aula que preparei, coloquei isso e os dirigentes me disseram que eu estava errada e que só era fatalidade morrer.

A resposta dos Espíritos à questão 859 de nossa obra fundamental diz exatamente o que você referenciou: que há fatalidade quanto ao momento em que aparecemos no mundo material e o momento em que desaparecemos dele, ou seja, quanto ao nascimento e quanto à morte do corpo físico. O termo “fatalidade” expressa a ideia de que algo é inevitável. Se somos Espíritos em progresso, que dependem da reencarnação para consumá-lo, o fato em si de encarnarmos é inevitável, como consequência obrigatória das leis naturais. Ressalte-se, porém, que isso diz respeito ao instante em si do nascimento, ao fato de que ele não pode ser evitado, como ao instante em si da morte. A data exata em que nossa morte se dá, por exemplo, não está inevitavelmente estabelecida ao encarnarmos, em termos absolutos. Ela pode ser adiantada ou retardada no decorrer da encarnação. O que é fatal, enfatize-se, é o instante em que ela se dá, do qual não podemos escapar – de outro modo, seríamos materialmente imortais. Basta mencionarmos o exemplo do suicídio; não há fatalidade nos atos da vida moral, caso contrário seríamos simples máquinas. Portanto, a pessoa que morre mediante um suicídio não morreu porque estava fatalmente previsto que teria que ser assim, mas porque ela assim escolheu fazer durante a encarnação. A questão 851 acrescenta como sendo também fatalidades as linhas gerais das circunstâncias materiais que vivenciaremos no mundo, posto que são selecionadas durante a escolha das provas antes da encarnação, atendendo às necessidades particulares de nosso desenvolvimento espiritual, não podendo ser afastadas completamente apenas pelas decisões que tomamos quando encarnados.  

2) O que Jesus com o Cristianismo agregou ou modificou em relação a questão da "liberdade"?

A concepção cristã sobre a dignidade da pessoa humana enquanto criatura de Deus e ser moral foi muito importante historicamente para a tradição individualista do Ocidente, que desaguou, na modernidade, em um reconhecimento mais explícito da liberdade de escolha e aceitação das ideias, bem como a liberdade de associação e organização e o respeito à esfera privada dos indivíduos. Jesus exortava seus discípulos a pregar, não a usar a força para impor suas ideias; afastava os abismos entre estratos sociais, castas ou estamentos, estabelecendo a figura do “próximo” a quem se deveria devotar o amor como sendo independente de todas essas restrições; sua máxima “dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” deu ensejo a reflexões sobre a separação entre o poder temporal e o poder espiritual. As duas ideias de liberdade que abordamos em nossa exposição foram trabalhadas dentro da tradição filosófica católica, de raiz cristã, entre a Antiguidade e o medievo, como nas obras de Agostinho e Tomás de Aquino. Então, a contribuição de Jesus e dos efeitos filosóficos do Cristianismo para a ideia de liberdade individual é imensa.

3) No momento em que estamos, a liberdade é relativa?

O exercício da liberdade é relativo ao grau de adiantamento do Espírito, assim como as liberdades de que goza uma criança não são as mesmas de que goza um adulto em boas condições de exercício das faculdades mentais. Além disso, nossa liberdade de escolha sempre será circunscrita às decisões que a lei natural nos permite tomar, notadamente aplicando-se quanto à opção que temos de seguir pelo caminho do bem ou pelo do mal. Não podemos tomar decisões que a lei natural, do ponto de vista material, não admita, e, do ponto de vista moral, nossa escolha pelo mal, embora livre, não se dá sem que soframos as consequências igualmente más de a termos feito.

4) Como não sentirmos a indignação humana com as leis dos homens?

É preciso que saibamos identificar as injustiças e descaminhos da lei humana a fim de que possamos fazer a nossa parte para combater suas causas e seus efeitos. Isso também integra a tarefa dos Espíritos encarnados. Infelizmente, como Espíritos imperfeitos, nossas más paixões ainda nos influenciam ou governam em muitas de nossas ações, mesmo quando temos um propósito justo. Um Espírito elevado, ao combater a injustiça (o que deve fazer), seguramente não se deixa dominar pela raiva em momento nenhum. Para sermos como ele, precisamos, além da coragem para o bom combate, almejar as virtudes da paciência e da resignação, bem como o amor aos inimigos, todos temas tratados em O Evangelho Segundo o Espiritismo. Não existe receita mágica para isso. É uma busca que devemos nos esforçar para empreender ao longo de nossas encarnações. 

5) Como você analisa a dicotomia liberdade vs evolução? Não alcançamos a liberdade buscando a liberdade, mas sim a verdade. A liberdade não é um fim, mas uma consequência. (Leon Tolstói)

Aquilo que filósofos como Sócrates e Agostinho abordavam como sendo a liberdade interior, conquistada ao escolher o bem e expurgar os próprios vícios, será uma consequência de nossa busca pela verdadeira felicidade, que alcançamos apenas ajustando nossas ações, pensamentos e atos aos ditames da lei de Deus. Só poderemos fazê-lo, porém, porque exercitamos, dentro do que cada estágio evolutivo possibilita, a liberdade individual de escolha entre o bem e o mal, como seres espirituais e morais que somos, ditando o ritmo com que o avanço para essa felicidade se dá.



Um comentário:

  1. Muitos espíritas acreditam que acontecimentos estão pré determinados, sejam desencarnes coletivos e outros, o estudo espírita nos esclarece sobre esse entendimento, a escolha das provas não é uma sentença e sim um caminho que percorremos transpondo obstáculos e também caindo de acordo com o nosso livre arbítrio. Temos obras de alguns autores que falam do desencarne coletivo pré determinado, no incendio do circo, no desastre aéreo de congonhas e outros, acho um absurdo esse entendimento , um Criador que junta pessoas de varios lugares e os coloca em certo local ou veículo onde estavam determinados certos acontecimentos que culminariam com o desencarne. Vou citar aguns questões do LE 526 e 527 que é bem esclarecedora e logo a seguir a 528 que confunde ao dizer se o homem não deve ser atingido um espírito benevolente lhe inspiraria etc.. colocação duvidosa se deve ou não deve, porque estaria marcado ???? No capitulo do LE fatalidade temos a questão 852 e os comentários de Kardec que esclarece , depois temos a 853 a, a pergunta não morrereis se a hora não e chegada ... resposta: não morrereis, novamente confundindo como se tivésemos hora marcada etc , o estudo que fiz passa por toda a obra de kardec, nela encontramos que não existe o deternimismo , mas temos alguns escorregões que podem confundir, independentre de tudo uso minha fé raciocinada, não haveria nenhuma lógica e razão se nossa vida já estivesse pré determinada para a hora da partida etc..esse é um debate interessante que precisamos propor para concientizar os espíritas. Um abraço para vocês !!!!!

    ResponderExcluir