segunda-feira, 18 de maio de 2015

Comentários sobre o livro "Viver é a melhor opção"


Comentários sobre o livro Viver é a melhor opção: a prevenção do suicídio no Brasil e no mundo.

Marco Milani*

Lançado em maio de 2015 pela Editora Espírita Correio Fraterno, o livro de autoria do jornalista André Trigueiro é uma obra muito bem-vinda aos leitores espíritas. Com redação clara e dados fundamentados, a problemática do suicídio é abordada de maneira ponderada e pertinente, despertando a atenção sobre um assunto geralmente tratado com superficialidade e reservas.
Nos capítulos iniciais, diante de um total de sete, Trigueiro apresenta um panorama realista sobre a gravidade da incidência de atos direcionados contra a própria vida. Aproximadamente 804 mil pessoas cometeram suicídio em 2012, segundo a Organização Mundial de Saúde e, ainda, para cada morte calcula-se cerca de 20 tentativas fracassadas, o que permite supor que anualmente 16 milhões de pessoas no mundo tentem se matar. São números expressivos e preocupantes, que apontam para a necessidade de maior diálogo, esclarecimento e métodos de prevenção em toda a sociedade.
Um fato significativo, destacado por Trigueiro, é que 90% desses casos estão associados a transtornos mentais e, potencialmente, poderiam ser evitados com acompanhamento e tratamentos adequados. Milhares de vidas poderiam ter sido salvas se essas vítimas de si mesmas tivessem acesso às informações sobre o que estavam passando e como serem auxíliadas. A depressão, por exemplo, é um desses transtornos associados à vontade de não mais querer viver, mas que pode ser cuidada com a atenção especializada.
Um dos aspectos interessantes do livro é a crítica que o autor faz sobre o comportamento dos profissionais de comunicação diante desse problema, o qual deveria ser tratado com transparência, objetividade e respeito, mas infelizmente não é sempre conduzido congruentemente. Como jornalista, Trigueiro conhece o papel relevante da mídia e as dificuldades enfrentadas para que esse tema possa ser discutido de forma aberta e com a abrangência exigida para que toda a população seja atingida. Quanto menos informação, menor o esclarecimento e maiores serão os equívocos sobre o assunto. O autor faz sugestões oportunas sobre como lidar com essas questões e oferece dicas úteis e reflexões aos comunicadores profissionais.
As principais causas relacionadas ao suicídio são analisadas sinteticamente, proporcionando ao leitor a compreensão objetiva sobre a motivação e os fatores envolvidos no problema. Pesquisas científicas e comentários de especialistas da área de saúde são referidos para embasar a argumentação e apontar os desafios e possíveis soluções para atenuar essa difícil situação.
O último capítulo aborda o suicídio sob a perspectiva espírita. Questões e trechos contidos nas obras de Allan Kardec, particularmente em O Livro dos Espíritos e O Céu e o Inferno, destacam a jornada evolutiva do indivíduo, a necessidade de preservação e valorização da vida e as consequências geradas pelo suicídio.
O autor faz um alerta de que o ato contra a vida pode ser caracterizado de forma direta ou indireta. Os relatos do espírito André Luiz, presentes nos livros Nosso Lar, Missionários da Luz e Ação e Reação enriquecem a abordagem sobre a realidade espiritual. A dor e o sofrimento, são discutidos brevemente com base no livro O problema do ser, do destino e da dor, de Leon Denis.
Apropriadamente, Trigueiro cita Yvonne Pereira, não somente para enfatizar as dificuldades inerentes ao desencarne de suicidas descritas em uma das obras mais famosas na literatura espírita sobre o tema, Memórias de um suicida, como também para destacar a influência que essa obra teve na criação do Centro de Valorização da Vida (CVV), uma das organizações mais importantes no papel de prevenção.
No livro Pelos caminhos da mediunidade serena, Yvonne Pereira afirma que a inauguração do primeiro posto de atendimento do CVV, em 1962, foi inspirada nos relatos de Memórias de um suicida, de 1955.
Diversas orientações de Joanna de Angelis são citadas para enaltecer a busca da saúde mental.
       A relevância e a atualidade social do tema trazido por André Trigueiro fazem com que esta obra seja recomendada não somente aos adeptos do Espiritismo, mas ao público em geral.


* Diretor do Departamento do Livro da USE Regional São Paulo.


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