segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

O Círculo Científico de Minerva




Círculo Científico de Minerva

Circolo Scientifico della Minerva

(1899 - 1904)

Em janeiro de 1899, Ernesto Bozzano fundou o Círculo Científico de Minerva, um grupo formado por pesquisadores e professores da Universidade de Gênova (Itália), dedicado à investigação experimental da mediunidade. Destacaram-se as experiências com a médium Eusápia Palladino.
Em cinco anos de trabalho, outros cientistas italianos e estangeiros se uniram ao grupo, marcado pelo rigor metodológico. O grupo recebeu destaque na imprensa italiana e internacional.
Dentre os pesquisadores participantes, encontram-se:

- Francesco Porro, Professor da Universidade de Genova;
- Angelo Brofferio, Cientista italiano, Professor de Filosofia, de Milão; que aceitou as manifestações espíritas, após suas experiências com a mediunidade de Eusápia Paladino;
- Césare Lombroso, Doutor, antropólogo e notável criminalista italiano;
- Hércules Chiaia, Doutor, cientista italiano, introdutor do Espiritismo em Nápoles. Sua desencarnação ocorreu exatamente no dia em que corrigiu a última palavra do seu livro "O Espiritismo";
- Giuseppe Gerosa, Professor de Física da Escola Real Superior de Agricultura de Porcini;
- Giovanni Schiaparelli, Diretor do Observatório Astronômico de Milão;
- G.M. Ermacora, Professor de Física, em Pádua;
- Enrico Morselli, notabilíssimo psiquiatra;
- Alexandre Aksakof, Conde, Doutor em Filosofia, lente da Academia de Leipzig, diretor do jornal "Psychische Studien" (Estudos Psíquicos);
- Charles Richet, Médico e fisiologista francês (1850-1935), Doutor, Professor-Adjunto da Faculdade de Medicina de Paris e Diretor de "Annales des Sciences Psychiques", órgão oficial da "Societé Universelle d´Études Psychiques", de Paris, França.

Nessas sessões, haviam impressionantes manifestações mediúnicas, tanto intelectuais e manifestações físicas, tais como: psicofonia, psicografia, xenoglossia, voz e escrita diretas, a levitação e materialização. A demonstração de que a vida continua em outros planos se tornou uma base concreta para a fé raciocinada na imortalidade da alma e em Deus.
O desenvolvimento das reuniões no Círculo Científico de Minerva resultou em dezenas de monografias e obras na qual constituiu um material muito valioso para o entendimento sobre a Doutrina Espírita. Ernesto Bozzano é um dos autores mais profícuos.
Seguem algumas das experiências realizadas pelo Circolo Scientifico della Minerva, em Gênova.

As sessões realizadas pelo Círculo Científico de Minerva (Do livro Hipnotismo e Mediunidade, de C.Lombroso)

A médium Eusápia Palladino seguia, com frequência, as experiências sugeridas pelo capricho dos presentes. Certa noite, pedimos que trasladasse para a mesa uma trombeta que estava sobre uma cadeira, no ângulo do gabinete mediúnico, e enquanto víamos Eusápia imóvel, sentimos a trombeta cair no chão, e depois, por longos minutos, ouvimo-la mover-se ligeiramente, como se uma mão a empurrasse, sem pegá-la.
Tendo um dos assistentes estendido os interruptores da luz elétrica que lhe havíamos confiado, rumo do gabinete e a cerca de dois metros de Eusápia, dito: “Pega!”, imediatamente lhe tiraram da mão o cordão a que estavam unidos os interruptores e que se lhe deslizou por entre os dedos quase um metro; atraindo-o com violência, sentiu uma resistência elástica, mas forte.
Depois de movimentos de estica e afrouxa, exclamou: “Faça luz!”, e uma das lâmpadas acendeu.
Esses exercícios algumas vezes são tão rápidos que podem surpreender e deixar a mais legítima dúvida acerca da sua verdadeira natureza; porém, muito frequentemente são lentos, fatigantes e revelando esforço e concentração intensa.
Durante a sessão, Morselli sentiu que pesada mão lhe agarra o braço direito, da qual sente perfeitamente a posição dos dedos, ao mesmo tempo em que a médium adverte ainda:
 “Atento!” e a lâmpada verde acende e apaga. O interruptor da dita lâmpada, unido a amplo cordão pendente do teto, estava no bolso de Morselli e este não sentiu mão alguma que ali se introduzisse. Todos observamos que a lâmpada acendeu e apagou, sem que se percebesse o ruído do interruptor, e como para confirmar a nossa impressão, a lâmpada torna a acender e apagar, várias vezes, de igual modo silencioso.
Não devemos esquecer uma circunstância: o acender e apagar da lâmpada correspondiam a pequeno movimento que o dedo indicador de Eusápia fazia na palma da minha mão.
Esta sincronia, entre os fenômenos e os gestos da médium, havíamos encontrado quase sempre, e é notável o fato de que, nestes casos, o esforço da médium se verifica da parte oposta àquela em que se verifica o fenômeno; por exemplo: se o punho de Eusápia se contrai, quem está à sua esquerda sente provavelmente um toque de mão e pode reconhecer que tal mão é a mão direita.
Isso é um singularíssimo cruzamento, uma inversão que pode ser importante constatar.
Forte mesa, pesando dez quilos e trezentos gramas, situada no vão da janela e sobre a qual estavam postos uma caixa de placas fotográficas e um metrônomo de Morselli, se aproximou de nós e depois se distanciou. O metrônomo começou a funcionar e deu início ao seu tique-taque regular. Após alguns minutos parou. Depois recomeçou e tornou a parar. Não é operação difícil nem longa pôr em andamento e deter um metrônomo, é mínima; todavia, não é operação que os metrônomos tenham o hábito de realizar por si mesmo.
Amiúde, os objetos vindos à mesa medianímica são acompanhados com a cortina preta, como se fossem trazidos por pessoas escondidas no gabinete, as quais pusessem o pano entre os objetos e suas mãos.
Em outra sessão, vimos um dinamômetro, quase em contato com a barra da cortina, que chegou até à mesa, movimentar-se e desaparecer por detrás da cortina. Não ouvimos o leve rumor que houvesse feito ao pousar em algum lugar e examinamos se alguém o havia tocado; e eis que de pronto, no gabinete e sobre a cabeça da médium, uma mão avançou sustendo o dinamômetro em atitude de mostrá-lo. Depois retirou-se e, decorridos alguns segundos, o dinamômetro reapareceu sobre a mesa. A agulha marca a pressão de 100 quilogramas. É a pressão que pode dar um homem robustíssimo.
É indubitável que o pensamento dos presentes exerce certa influência sobre os fenômenos. Parece que as nossas palavras são escutadas como sugestão para a execução das várias manobras: se falamos da levitação da mesa, esta se eleva; se damos golpes rítmicos sobre a tábua da mesinha, os golpes são exatamente repetidos e quase sempre, aparentemente, no mesmo ponto.
Entramos a discorrer sobre os fenômenos luminosos que, algumas vezes, se manifestaram com Eusápia, e que não mais havíamos visto nestas sessões e eis que, subitamente, vimos uma luz que aparece sobre os joelhos da médium, desaparece, mostra-se ainda sobre a cabeça de Eusápia, desce ao longo de seu lado esquerdo, faz-se mais vívida e desaparece à altura do seu quadril.
Em seguida, Morselli nota ao lado da cortina uma pessoa; sente que nela se apóia e todos vimos os braços envoltos na cortina.
De improviso, Bozzano colocou a cabeça na abertura da cortina para olhar no interior do gabinete e este estava vazio. A cortina se encontrava inflada e vazia. Isto que, por um lado, parece o relevo de um corpo humano que se move coberto pela cortina, da outra parte é uma cavidade no estofo, um moulage. Vem à mente O homem invisível, de Wells.
Bozzano, tocando com a mão direita, que tem liberta, o enfunado da cortina, na parte externa, efetivamente encontra sob o tecido a resistência de uma cabeça vivente; identificou a fronte, deslizou a palma da mão pelas bochechas e nariz e, quando tocou os lábios, a boca se fechou e lhe prendeu o polegar; sentiu nitidamente o morder de uma dentadura sã.
Um carillon chega sobre a mesa, como que caindo do alto. E ali, perfeitamente isolado, enquanto o olhamos curiosamente, soou durante alguns segundos. Tinha a forma de minúsculo moinho de café e esse instrumento, tão simples e tão pouco musical, para tocar, precisava do concurso das duas mãos, uma que o mantivesse firme e outra que lhe girasse a manivela. Apenas cessado o seu glin-glin, ouvimos o bandolim rastejar no chão.
Bozzano viu-o sair do gabinete e parar por detrás do Prof. Morselli, onde mal tocou duas ou três vezes. Dali se elevou e veio para cima da mesa; girou em todo redor e terminou por alojar-se nos braços de R., qual criança lactante. Pondo nossas mãos sobre as cordas, nós as sentíamos vibrar por ignota força, e tínhamos assim uma prova sobre a realidade do fenômeno.
Havíamos observado que, no movimento do bandolim, e assim no de todos os objetos transportados, há uma espécie de orientação, ou seja, não giram nunca, têm mais translação do que revolução, movem-se precisamente como se fossem sustentados por uma mão e avançam, recuam, vão à direita e à esquerda, mantendo a mesma posição.
O bandolim conservou sempre o braço voltado para a médium.
As cadeirinhas, que fazem seus singulares passeios e sobem sobre a mesa, apresentam-se sempre como se fossem pegadas pelo encosto.
Morselli trouxe consigo uma cordinha de 40 centímetros de comprimento e, em dado momento, colocou-a sobre a mesa; a cordinha andou, indo e vindo, coleante. Quando Morselli exprimiu o desejo de vê-la enodada, ela desapareceu no gabinete e voltou pouco depois com três nós em lugares diferentes, nós iguais, grossos, bem feitos, simétricos, equidistantes.
Em uma quinta sessão, na qual Morselli havia atado perfeitamente Eusápia a uma rede, constatou, depois de todos os fenômenos de aparições, que havia sido desatada e ligada de modo diverso.
  

Nenhum comentário:

Postar um comentário