Igualdade e
Desigualdade Social do Ponto de Vista Reencarnacionista*
Jorge Hessen
Acompanhamos
pela Internet, através das redes sociais, os legítimos clamores populares em
face do atual cenário político brasileiro. Observa-se pujante manifesto de
reproche da massa, considerando os caminhos obscuros que representam para o
futuro da Pátria do Evangelho o presumível hasteamento da bandeira afogueada do
ideário extremista. O inconsciente coletivo está provido de fatos históricos
contemporâneos em cuja ribalta a “universal” flâmula rubra do absolutismo
materialista foi desfraldada sobre os entulhos cadavéricos de milhões de
cidadãos chineses , soviéticos, cubanos, norte-coreanos, trucidados nos últimos
50 anos.
Nos
dois últimos séculos a violência ideológica engendrou o cenário vastíssimo de
lutas inglórias. Todas as ciências sociais têm sido solicitadas para os grandes
debates sobre o capitalismo e o comunismo. O Espiritismo se apresenta na
discussão a fim de encorajar a luta pela paz, a fim de que não se perca os bons
frutos dos que trabalharam e padeceram no esforço penoso da harmonia de todos.
Com as comprovações da sobrevivência, o Espiritismo vem reabilitar o Evangelho,
esparzindo, igualmente, os perenes preceitos do Mestre de Nazaré na intimidade
do coração humano.
Sob
o pilar da reencarnação, a Doutrina dos Espíritos elucida a incoerência das
teorias do igualitarismo [comunismo], coopera no reparo do adequado caminho da
evolução social. Emoldurando o socialismo nos apelos cristãos, não se deslumbra
com as reformas exteriores, para rematar que a excepcional renovação
considerável é a do homem interior, célula viva do organismo social de todos os
tempos, pugnando pela ativação dos movimentos educativos da criatura, à luz
eterna do Evangelho do Cristo.
O
Espiritismo anuncia o regime da responsabilidade, em que cada Espírito deve
enriquecer a catalogação dos seus próprios valores. “Não se engana com as
utopias da igualdade absoluta [comunismo], em vista dos conhecimentos da lei do
esforço e do trabalho individual, e não se transforma em instrumento de
opressão dos magnatas da economia e do poder [capitalismo], por consciente dos
imperativos da solidariedade humana”. 1
Não
adota o princípio das revoluções por questões menores, porque exclusivamente a
evolução é o seu anfiteatro de atividade e de experiência, afastado de todas as
guerras pela compreensão dos laços fraternos que reúnem a comunidade universal,
“ensina a fraternidade legítima dos homens e das pátrias, das famílias e dos
grupos, alargando as concepções da justiça econômica e corrigindo o espírito
exaltado das ideologias extremistas”. 2
Indagado
sobre a desigualdade verificada entre as classes sociais, o Espírito Emmanuel
esclareceu que “a desigualdade social é o mais elevado testemunho da verdade da
reencarnação, mediante a qual cada espírito tem sua posição definida de
regeneração e resgate. Nesse caso, consideramos que a pobreza, a miséria, a
guerra, a ignorância, como outras calamidades coletivas, são enfermidades do
organismo social, devido à situação de prova da quase generalidade dos seus
membros. Cessada a causa patogênica com a iluminação espiritual de todos em
Jesus Cristo; a moléstia coletiva estará eliminada dos ambientes humanos”.3
Refletindo
sobre o ideário comunista, o mentor de Chico Xavier elucida o seguinte: “a
concepção igualitária absoluta [comunismo] é um erro grave em qualquer
departamento da vida. A tirania política poderá tentar uma imposição nesse
sentido, mas não passará das espetaculosas uniformizações simbólicas para
efeitos exteriores, porquanto o verdadeiro valor de um homem está no seu
íntimo, onde cada espírito tem sua posição definida pelo próprio esforço”. 4
Allan
Kardec pronuncia que “a desigualdade das riquezas é um dos problemas que em vão
se procuram resolver, quando se considera apenas a vida atual. A primeira
questão que se apresenta é a seguinte: Por que todos os homens não são
igualmente ricos? Por uma razão muito simples: é que não são igualmente
inteligentes, ativos e laboriosos para adquirir, nem sóbrios e previdentes para
conservar”.5 Para o
Codificador “a pobreza é para uns a prova da paciência e da resignação; a
riqueza é para outros a prova da caridade e da abnegação. Razão pela qual o
pobre não tem, portanto, motivo para acusar a Providência, nem para invejar os
ricos, e estes não o têm para se vangloriarem do que possuem. Se, por outro
lado, estes abusam da fortuna, não será através de decretos, nem de leis
suntuárias, que se poderá remediar o mal”. 6
Deus
nos outorga a todos uma oportunidade idêntica ante a dinâmica do tempo. Todos
temos os direito de conquistar a sabedoria e o amor pelo cumprimento do dever e
do entusiasmo individual. Impregnamos o próprio mapa de méritos nas lutas do
dia a dia. Sobre as questões proletárias, obviamente elas podem ser resolvidas
sem violências, sobretudo quando forem categoricamente aceitos e aplicados os
princípios abençoados do Evangelho. “Os regulamentos apaixonados, as greves, os
decretos unilaterais, as ideologias revolucionárias, são cataplasmas
inexpressivas, complicando a chaga da coletividade. Todos os homens são
proletários da evolução e nenhum esforço de boa realização na Terra é indigno
do espírito encarnado. Cada máquina exige uma direção especial, e o mecanismo
do mundo requer o infinito de aptidões e de conhecimentos”. 7
A
harmonia da sociedade não virá por decretos, nem de parlamentos que
caracterizam sua ação por uma força excessivamente passageira. É desnecessário
desviarmos o tempo com debates inócuos a fim de identificarmos o desengano das
teses de Karl Marx. Reafirmamos que seus seguidores (sequer creem em Deus)
“sonham com a igualdade irrestrita das criaturas, sem compreender que,
recebendo os mesmos direitos de trabalho e de aquisição perante Deus [acreditem
ou não!], os homens, por suas próprias ações, são profundamente desiguais entre
si, em inteligências, virtude, compreensão e moralidade”. 8
Com
magna acuidade o notável Leon Denis proferiu: “O Espiritismo é, ninguém se
engane, um dos maiores acontecimentos da história do mundo. Assim hoje, em face
das doutrinas religiosas enfraquecidas, petrificadas pelo interesse material,
impotentes para esclarecer o Espírito humano, ergueu-se uma filosofia racional,
trazendo em si o germe de uma transformação social, um meio de regenerar a
Humanidade, de libertá-la dos elementos de decomposição que a esterilizam e
enodoam”. 9
Referências
bibliográficas:
1
Xavier, Francisco Cândido. A Caminho da Luz, ditado pelo Espírito Emmanuel, Rio
de Janeiro: Ed. FEB, 1977
2
Idem
3
Xavier, Francisco Cândido. O Consolador, ditado pelo Espírito Emmanuel, Rio de
Janeiro: Ed. FEB, 1999, questão 55
4
Idem, questão 56
5
Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XVI, item 8, Rio de
Janeiro: Ed. FEB, 1990
6
Idem
7
Xavier, Francisco Cândido. O Consolador, ditado pelo Espírito Emmanuel, Rio de
Janeiro: Ed. FEB, 1999, questão 57
8
Idem, questão 234
9
Denis, Leon. Depois da Morte, capitulo 24, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1998
*
texto publicado em 26/07/2014 na Revista Online de Espiritismo – Luz na Mente
Fonte:
http://aluznamente.com.br/igualdade-e-desigualdade-social-do-ponto-de-vista-reencarnacionista/
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