sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Política, Cidadania e Espiritismo


                                         
Política, Cidadania e Espiritismo*

Marco Milani

O agitado cenário político nacional permite diferentes reflexões, destacando-se aspectos positivos e negativos.
Por um lado, contribui para a discussão sobre os direitos e deveres dos cidadãos e quais seriam os caminhos para se construir uma sociedade melhor. Por outro, pode fazer com que paixões partidárias e ideologias políticas sobreponham-se à liberdade de consciência e de expressão, além do respeito ao próximo.
Nesse sentido, é fundamental não confundir preferências políticas dos adeptos com a doutrina espírita. E o inverso também é verdadeiro: não se deve confundir propostas doutrinárias com preferências políticas particulares.
Enquanto cidadãos, temos o direito e a obrigação de participar dos debates e escolhas dos gestores públicos, mas em momento algum, devido ao fato de um eleitor também ser espírita, que suas opções representarão o Espiritismo, assim como nem todo espírita deve, necessariamente, compartilhar os mesmos posicionamentos políticos.
Atualmente, existe uma polarização entre oposição e situação do governo que, se for levada às casas espíritas, provocará o mesmo efeito desagregador presenciado em outros ambientes.
De maneira alguma o apartidarismo necessário nas instituições espíritas significa que seus adeptos não estejam preocupados e discutindo os problemas sociais, políticos e econômicos do país, pois estão. A passividade não é uma característica do espírita consciente.
Verificamos em redes sociais no período pré-eleitoral a manifestação de pessoas com certa evidência no movimento espírita, tais como palestrantes e dirigentes, posicionando-se a favor deste ou daquele candidato. Ora, quem se manifesta formalmente não é o representante espírita, mas o cidadão. As divergências de opiniões apenas demonstram que não há homogeneidade de preferências partidárias e isso é esperado em um contexto democrático com indivíduos diferentes.
Ao contrário de religiões de cabresto, cujos dirigentes procuram determinar como os adeptos devem votar e agir sobre questões políticas, o Espiritismo valoriza o livre-arbítrio e a liberdade de consciência de todos, não se imiscuindo em questões com conotações partidárias.
O Espiritismo tem caráter universal e contribui para a evolução da sociedade pelo aprimoramento moral e intelectual que promove no indivíduo. Certamente, a defesa de valores e princípios espíritas deve ser expressa na sociedade, começando pelo próprio exemplo.
Estamos em um país carente por cidadãos e mandatários éticos e, independentemente das cores partidárias, cabe a nós o exercício consciente da cidadania.
Contribuamos para o Brasil que gostaríamos de viver de maneira pacífica e respeitosa, sem tentar dividir a casa espírita com disputas partidária e sempre buscando a união.


* Texto publicado no Jornal Verdade e Luz, nº 368, set/16, p. 6.

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