Política,
Cidadania e Espiritismo*
Marco Milani
O agitado cenário político nacional permite
diferentes reflexões, destacando-se aspectos positivos e negativos.
Por um lado, contribui para a discussão sobre
os direitos e deveres dos cidadãos e quais seriam os caminhos para se construir
uma sociedade melhor. Por outro, pode fazer com que paixões partidárias e
ideologias políticas sobreponham-se à liberdade de consciência e de expressão,
além do respeito ao próximo.
Nesse sentido, é fundamental não confundir preferências
políticas dos adeptos com a doutrina espírita. E o inverso também é verdadeiro:
não se deve confundir propostas doutrinárias com preferências políticas particulares.
Enquanto cidadãos, temos o direito e a
obrigação de participar dos debates e escolhas dos gestores públicos, mas em
momento algum, devido ao fato de um eleitor também ser espírita, que suas opções
representarão o Espiritismo, assim como nem todo espírita deve, necessariamente, compartilhar os
mesmos posicionamentos políticos.
Atualmente, existe uma polarização entre
oposição e situação do governo que, se for levada às casas espíritas, provocará
o mesmo efeito desagregador presenciado em outros ambientes.
De maneira alguma o apartidarismo necessário
nas instituições espíritas significa que seus adeptos não estejam preocupados e
discutindo os problemas sociais, políticos e econômicos do país, pois estão. A
passividade não é uma característica do espírita consciente.
Verificamos em redes sociais no período
pré-eleitoral a manifestação de pessoas com certa evidência no movimento
espírita, tais como palestrantes e dirigentes, posicionando-se a favor deste ou
daquele candidato. Ora, quem se manifesta formalmente não é o representante
espírita, mas o cidadão. As divergências de opiniões apenas demonstram que não
há homogeneidade de preferências partidárias e isso é esperado em um contexto
democrático com indivíduos diferentes.
Ao contrário de religiões de cabresto, cujos
dirigentes procuram determinar como os adeptos devem votar e agir sobre
questões políticas, o Espiritismo valoriza o livre-arbítrio e a liberdade de
consciência de todos, não se imiscuindo em questões com conotações partidárias.
O Espiritismo tem caráter universal e
contribui para a evolução da sociedade pelo aprimoramento moral e intelectual
que promove no indivíduo. Certamente, a defesa de valores e princípios
espíritas deve ser expressa na sociedade, começando pelo próprio exemplo.
Estamos em um país carente por cidadãos e
mandatários éticos e, independentemente das cores partidárias, cabe a nós o
exercício consciente da cidadania.
Contribuamos para o Brasil que gostaríamos de
viver de maneira pacífica e respeitosa, sem tentar dividir a casa espírita com
disputas partidária e sempre buscando a união.
* Texto publicado no
Jornal Verdade e Luz, nº 368, set/16, p. 6.
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