domingo, 30 de maio de 2021

A missão da França, segundo Leon Denis

 


A missão da França

(Texto extraído do livro O Espiritismo na Arte – Parte IV, de Leon Denis)

 

O luminoso talento da França tem por papel, principalmente, reunir e fundir, em uma média equilibrada, os dois talentos diferentes, o do Sul e o do Norte, da raça latina e das raças setentrionais.

É, talvez, ao encontro desses elementos opostos, ao fluxo e refluxo dessas correntes diferentes, que se deve a mobilidade do seu espírito e a instabilidade por vezes enfadonha de seus desígnios; porém, sempre após os períodos de crise, em que o equilíbrio nela é alterado, o espírito nacional retorna sua atividade e seu progresso.

Sua missão, portanto, parece ser a de fornecer aos outros povos, de espírito mais lento, as indicações, as diretrizes das quais eles tiram uma aplicação prática e fecunda. É nesse sentido que a França é um agente maravilhoso de progresso e de evolução humana, por seu cuidado com a verdade e com a luz, e pela beleza das formas com as quais ela se compraz em revesti-las.

São essas qualidades que lhe darão um papel preponderante na difusão do Espiritismo filosófico e moral, enquanto os países anglo-saxões estão interessados em representá-lo, principalmente sob seu aspecto científico e experimental.

Após suas horas de tentativas e de obscuridade, o gênio da França, que não é outro senão a alma sempre viva e imortal da Gália, ergue-se e, com um vigoroso esforço, liberta-se dos atoleiros terrestres e lança-se em direção ao céu, para ali descobrir novos horizontes, novas perspectivas sobre o futuro e mostrá-las como objetivo à humanidade em marcha.

Para todos aqueles que sabem estudar e compreender o gênio da nossa raça, sob o véu do cepticismo que por vezes a recobre, a alma céltica reaparece e, nas horas solenes, são seus impulsos que determinam as resoluções viris, os atos decisivos.

É ela que inspira Joana d’Arc e por suas mãos livra a França do jugo dos ingleses; ainda é ela que provoca essa poderosa explosão espiritualista que, em época revolucionária, leva a todos a noção essencial de liberdade, assegurando assim o triunfo da alma moderna sobre as teorias deprimentes do determinismo e do fatalismo.

É sempre ela que, nos dias sombrios de 1914, revela todas as forças vivas da nação e a conduz, heroica e sublime, diante do despotismo germânico e do militarismo teutônico; mais recentemente ainda, a alma céltica coloca a nação como um dique em oposição à onda vermelha do bolchevismo.

A França tem maiores deveres que as outras nações, porque recebeu maiores dons, mais brilhantes qualidades. Assim, suas responsabilidades são mais pesadas e mais extensas.

Hoje, uma tarefa, mais importante do que todas as outras, desenha-se para ela no mundo inteiro. Trata-se de iniciar os homens nas belezas de um futuro mais vasto, mais rico que aquele que as concepções filosóficas e religiosas puderam entrever. Trata-se de guiar a ascensão humana em direção ao grau mais elevado do pensamento, onde se acendem os clarões de um novo dia, a aurora de uma civilização mais nobre e mais digna, livre dos flagelos que, até aqui, entravaram o caminho áspero e doloroso da humanidade.

As outras nações têm, cada uma, a sua tarefa importante, mas a França ultrapassa a todas pela variedade de suas aptidões e de suas atividades. É por isso que o mundo inteiro tem os olhos fixos sobre ela, esperando o sinal que traçará sua nova evolução.

Ó alma viva da França, desliga-te das pesadas influências materiais que ainda te oprimem, eleva-te até esse nobre ideal que é tua missão adquirir e propagar no mundo!

Somente quando a nova revelação for conhecida por todos os povos, quando ela tiver dado à sua expressão a forma magnífica do teu talento, é que os homens compreenderão seu grande destino, bem como os deveres e os encargos que ele lhes impõe, e a justiça e a paz enfim reinarão sobre a Terra regenerada.

E por esse meio teu papel aparecerá aos olhos de todos. Tu serás respeitada pelas gerações, e a tua glória se iluminará com um brilho que nada poderá mais empanar!


FONTE: Denis, L. O Espiritismo na Arte. Rio de Janeiro: CELD, 2016


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