Spam espírita
Marco Milani
(Texto publicado no jornal Correio Fraterno - Ed. 504•
Março-Abril 2022, p. 11)
A utilização de ferramentas de comunicação à
distância ganhou um enorme impulso com as restrições de deslocamento provocadas
pela pandemia da Covid-19 e, desde então, alterou os hábitos de milhões de
pessoas que antes necessitavam visitar um centro espírita para participar de
atividades tipicamente presenciais, como palestras, entrevistas, estudos e
outras ações com temáticas doutrinárias. Ao serem oferecidos à distância,
ampliou-se o público usuário desses serviços, sinalizando uma ótima
oportunidade para a apresentação e compreensão dos princípios e valores
espíritas.
Diante dos novos canais de interação, a própria
divulgação dos eventos espíritas redimensionou-se, ganhando espaço no ambiente
virtual das redes sociais. Diversas instituições investiram na constituição e
desenvolvimento de páginas eletrônicas e grupos virtuais para atender esse tipo
de demanda.
Diferentemente de propagandas e anúncios não
solicitados que invadem caixas postais eletrônicas, conhecidos como “spams”, o
compartilhamento da maioria dos cartazes de atividades com temática espírita é sempre
bem-vindo nas redes sociais direcionadas aos adeptos e simpatizantes. Afinal, acaba
sendo uma prestação de serviço, já que eventos espíritas tendem a oferecer
momentos de nobres reflexões e práticas edificantes, sendo iniciativas que
devem ser divulgadas.
Um interessante fenômeno também passou a
ocorrer diante da farta produção de eventos à distância, os quais não se limitam
mais aos tradicionais frequentadores dos salões e auditórios dos centros
espíritas e respectivas regiões, mas voltam-se a quem se deparar com as
respectivas peças de divulgação nas redes sociais. Como ocorrem vários eventos
no mesmo dia e horário, os participantes dos grupos virtuais podem escolher
qual deles assistir, ao vivo ou gravado.
Dirigentes e divulgadores espíritas sensatos
sabem que essa concorrência é esperada e perfeitamente normal em um ambiente
com várias possibilidades de interação à distância, além de que cada evento
tende a atrair um público com perfil específico conforme as características do
conteúdo e as condições de participação para cada um deles.
Compreensível a preocupação em tornar a arte de
cartazes e outras peças de divulgação mais técnicas e profissionalizadas,
favorecendo a comunicação. Certamente, um material bem elaborado reúne mais
condições de atingir o seu objetivo informacional, mas não quer dizer que
cartazes mais rudimentares não cumpram o seu papel.
Entretanto, alguns divulgadores, ao encararem a
existência de eventos concorrentes como uma competição de mercado, não
limitam-se a aperfeiçoar a arte de cartazes e a utilizar mais canais para a
devida comunicação eletrônica. Creem que a quantidade de inserções do material
de divulgação, ainda que seja no mesmo canal ou grupo de rede social, seja um
diferencial para obter vantagem competitiva. Ao fazerem isso, correm o evidente
risco de saturarem o usuário dessas redes sociais e gerarem o efeito inverso,
criando resistência ao divulgador.
Há casos de indivíduos, bastante motivados para
a obtenção de visibilidade, publicarem diariamente eventos semelhantes ou
iguais, consumindo inadvertidamente o precioso tempo e contando com a serenidade
dos participantes desse canal de comunicação.
Logicamente, o ambiente virtual pode (e deve)
possuir regras e diretrizes de publicações que evitariam tal abuso, mas isso é
de responsabilidade dos administradores das páginas e grupos.
A divulgação de eventos espíritas em canais
apropriados é uma prática útil e necessária, até caridosa, mas a motivação
competitiva para tal prática, lastreada na intenção de sensibilizar a maior
quantidade possível de pessoas pela cansativa republicação sem que os usuários
assim tenham solicitado e sem se atentar ao tempo alheio consumido, pode se afastar
da caridade e do bom senso, além de se aproximar de uma prática de “spam”.
Fonte:
https://correio.news/jornal-espirita-correio-fraterno-edicoes/jornal-correio-fraterno-edicao-504
Absolutamente de acuerdo. Yo he dejado de leer los anuncios de actividades lo que ha provocado que me perdiera de eventos que sí me interesaban. El spam es contraproducente y genera rechazo.
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