SOBRE UMA SUPOSTA "REFORMA ÍNTIMA"
J. Herculano Pires
Livro: Curso Dinâmico
de Espiritismo – O Grande Desconhecido
Capítulo – 4 – Sexo e Genética no Espiritismo
O Espiritismo não criou igrejas,
não precisa de templos suntuosos e tribunas luxuosas com pregadores enfatuados.
Não tem rituais, não dispensa bênçãos, não promete lugar celeste a ninguém, não
confere honrarias em títulos ou diplomas especiais, não disputa regalias
oficiais. Sua única missão é esclarecer, orientar, indicar o caminho da
autenticidade humana e da verdade espiritual do homem. Se não compreendermos
isso e nisso não nos integrarmos estaremos sendo pedras de tropeço para os que
desejam realmente evoluir, não por fora, mas por dentro. E esse por dentro
não quer dizer reforma, mas desenvolvimento das potencialidades do espírito.
A teoria da reforma intima é
um engodo que levou muitos companheiros aproveitáveis à vaidade adulteradora.
Não há reforma para o que não
se estraga. O espírito é o mesmo em todos e só necessita de uma coisa:
desenvolvimento. Enquanto não desenvolver a sua capacidade de compreender,
analisar, julgar, discernir e respeitar a verdade não terá condições para modificar-se
por dentro.
Mesmo porque essa modificação só
pode ocorrer pelo esforço pessoal de cada um. A expressão reforma intima é
inadequada, pois implica a ideia de substituição de coisas, conserto,
modificação em disposições internas, como numa casa ou numa loja. As
disposições internas do espírito correspondem ao seu grau de evolução, como nos
mostra a Escala Espírita de Kardec.
O espírito é vida e não arranjo.
Seu desenvolvimento depende de experiências, estudos, reflexão – tudo isso com
mente aberta para a realidade e não fechada em esquemas artificiais.
Ninguém se reforma nem pode
reformar os outros. Mas todos podem superar as suas condições atuais, romper os
limites em que a mente se fechou e transcender-se.
Os modelos de figurino espiritual
são inócuos e até mesmo prejudiciais.
A responsabilidade espírita é
individual, cada qual responde por si mesmo e não pode prender-se a supostos
mestres espirituais.
Um espírita que se sujeita às
lições de um mestre pessoal não é espírita, é um beato seguindo Antônio
Conselheiro. O despertar da consciência na experiência é o seu caminho
único de progresso.
Ele não confia em palavras, mas
nos fatos. Não busca a ilusão de uma salvação confessional, mas aprofunda-se no
conhecimento doutrinário para saber por si mesmo onde pisa e para onde vai…
Os que precisam de mestres não
confiam em si mesmos, fazem-se ovelhas de um rebanho.
No Espiritismo não há rebanhos
nem pastores: há trabalho a fazer, afinidades a estabelecer entre companheiros
em pé de igualdade, toda uma batalha a vencer; há os pesados resíduos
teológicos, supersticiosos e obscurantistas que esmagam a ingenuidade das
massas.
O Espiritismo é uma tomada de
consciência da responsabilidade do homem na existência, da sua liberdade e da
sua transcendência.
Os espíritas que ainda se
alimentam de leite – como escreveu Paulo – precisam tratar de crescer e
alimentar-se de coisas sólidas, consistentes.
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