sexta-feira, 28 de novembro de 2025

A refutação espírita à falácia de Dawkins

 

A refutação espírita à falácia de Dawkins

 

Marco Milani

 

Richard Dawkins tornou-se uma das vozes mais conhecidas do ateísmo cientificista. Seu livro The God Delusion (2006) propõe que a crença em Deus é um produto cultural infundado e que a ciência moderna teria tornado desnecessária a hipótese divina. No entanto, sob análise filosófica rigorosa, sua argumentação revela uma falha epistemológica essencial: o autor confunde diferentes níveis de explicação, tratando o problema metafísico da existência como se fosse uma questão de biologia evolucionista. Essa confusão, já apontada por filósofos e cientistas de distintas tradições, mostra que o alvo de Dawkins não é o conceito de Deus como causa primeira, mas uma caricatura de divindade intervencionista, alheia ao sentido ontológico presente na filosofia clássica e nas doutrinas espiritualistas.

O núcleo argumentativo de Dawkins consiste em afirmar que a complexidade da vida não requer um criador inteligente, pois a seleção natural explica de forma cumulativa o surgimento de organismos sofisticados a partir de estruturas simples. Ele reconhece que o acaso puro não é suficiente, mas sustenta que a seleção atua como mecanismo ordenado sem finalidade, capaz de gerar, em bilhões de anos, formas de vida e comportamento aparentemente intencionais. O equívoco está em extrapolar esse raciocínio biológico para o campo metafísico, sugerindo que a ausência de design na biologia implica a inexistência de uma inteligência criadora do próprio universo e das leis que permitem a vida.

Alister McGrath, teólogo e ex-biólogo de Oxford, em The Dawkins Delusion? (2007), argumenta que Dawkins comete um erro categorial ao tratar Deus como uma hipótese científica sujeita a verificação empírica, quando na verdade a noção de causa primeira pertence ao domínio da filosofia da existência. Para McGrath, o conceito clássico de Deus não compete com as explicações científicas, mas as fundamenta, pois diz respeito à razão de ser do próprio cosmos e não ao modo de funcionamento de suas partes. John Lennox, em God’s Undertaker: Has Science Buried God? (2009), reforça essa crítica ao apontar que Dawkins elimina uma falsa alternativa: ou a ciência explica o mundo ou Deus o explica. A tradição racionalista, desde Aristóteles e Tomás de Aquino, já reconhecia que a causalidade divina é de ordem ontológica, e não física.

David Bentley Hart, em The Experience of God (2013), observa que o “Deus” que Dawkins tenta refutar é apenas um ser dentro do mundo, comparável a uma entidade poderosa, mas finita. Para a filosofia clássica, contudo, Deus não é um ser entre outros, mas o próprio ato de ser, a condição de possibilidade de todas as coisas existentes. Essa diferença é fundamental: ao ignorá-la, Dawkins ataca um conceito teológico popular, mas não enfrenta o problema filosófico da existência. Paul Davies, físico teórico e autor de The Mind of God (1992), também reconhece que a ciência moderna, embora revele a coerência matemática das leis naturais, não explica por que essas leis existem nem por que são inteligíveis. A origem das próprias condições que permitem a evolução e a vida permanece fora do alcance da biologia e da cosmologia atuais.

Essa limitação é o que se pode chamar de falha epistemológica do pensamento de Dawkins. Seu método naturalista é competente para descrever mecanismos dentro do universo, mas não para explicar o fundamento do próprio ser. O erro consiste em reduzir questões metafísicas a problemas empíricos e, ao fazê-lo, concluir negativamente sobre algo que seu método não é capaz de investigar. A epistemologia científica, tal como entendida por Popper e Kuhn, reconhece que toda teoria opera dentro de um campo delimitado por pressupostos não demonstráveis. A própria existência das leis naturais e da racionalidade que as apreende é um desses pressupostos. Ao ignorar esse limite, Dawkins converte um método de investigação em uma metafísica implícita, o cientificismo, que toma o observável como a totalidade do real.

O Espiritismo, conforme codificado por Allan Kardec, apresenta uma resposta de natureza filosófica e racional a esse problema. Na Questão 1 de O Livro dos Espíritos (2004), Kardec formula o axioma que estrutura toda a doutrina: “Deus é a inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas”. A expressão “causa primeira”, na terminologia filosófica tradicional, não designa um evento inicial no tempo, mas o princípio ontológico do qual decorrem todas as causas secundárias. Diferentemente da concepção teísta antropomórfica, Deus não é um agente que intervém de forma arbitrária no universo, mas a razão de ser das leis que o regem[1]. Assim, a causalidade divina é permanente e imanente, sustentando a ordem natural e a evolução espiritual dos seres.

A lógica espírita de causa e efeito não se opõe ao progresso científico; ao contrário, o integra em um quadro mais amplo de racionalidade universal. A seleção natural descrita por Dawkins pode ser compreendida como uma manifestação das leis divinas que regem a adaptação e o aprimoramento dos seres. O erro está em confundir o instrumento com a causa. A ciência revela o modo como as leis atuam; a filosofia espírita busca compreender por que tais leis existem e por que conduzem à complexidade, à consciência e à moralidade. Nesse sentido, a evolução biológica é parte de um processo maior de evolução do Espírito, que ultrapassa os limites da matéria.

Ao afirmar que Deus é a inteligência suprema, o Espiritismo não apela à fé cega, mas a uma dedução racional da ordem observada no universo. Toda inteligência relativa pressupõe uma inteligência absoluta, e toda lei implica um legislador, não no sentido humano do termo, mas como princípio ordenador do cosmos. Essa ideia coincide com a tradição filosófica que remonta a Aristóteles e Leibniz e foi reinterpretada por pensadores espiritualistas modernos, como Léon Denis, para quem o universo é a expressão da harmonia entre a causa divina e as causas secundárias que se encadeiam na criação.

A crítica a Dawkins, portanto, não se limita a uma disputa entre ciência e religião. Trata-se de uma questão epistemológica: reconhecer que os métodos da ciência empírica são poderosos, mas não exaustivos. A razão humana, quando restrita ao mensurável, não alcança a causa do ser. O Espiritismo, ao restituir a dimensão racional do princípio criador, evita tanto o fideísmo quanto o materialismo, afirmando que a ciência explica os meios, mas não a origem dos fins. A ideia de Deus como causa primeira não nega as descobertas científicas; apenas recorda que nenhuma lei se explica a si mesma.

Assim, a falha epistemológica de Dawkins está em confundir a descrição das causas segundas com a negação da causa primeira. O universo e a vida podem, sim, ser compreendidos em suas etapas de complexificação e seleção, mas essas etapas ocorrem dentro de um conjunto de leis cuja existência e inteligibilidade pedem uma razão superior. A filosofia espírita, ao reconhecer Deus como a inteligência suprema e causa primeira de todas as coisas, recoloca a ciência em seu devido lugar: instrumento de descoberta das leis divinas, não substituto de sua origem.

 

Referências

DAVIES, Paul. The Mind of God: The Scientific Basis for a Rational World. New York: Simon & Schuster, 1992. 

DAWKINS, Richard. The God Delusion. London: Bantam Press, 2006.

HART, David Bentley. The Experience of God: Being, Consciousness, Bliss. New Haven: Yale University Press, 2013.

KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Catanduva: Boa Nova, 2004.

LENNOX, John C. God’s Undertaker: Has Science Buried God? Oxford: Lion, 2009.

MCGRATH, Alister. The Dawkins Delusion? Atheist Fundamentalism and the Denial of the Divine. Downers Grove: InterVarsity Press, 2007.


 



[1] Ver o artigo "Kardec apontado como um representante deísta", por Marco Milani, disponível em  https://educadorespirita1.blogspot.com/2024/11/kardec-apontado-como-um-representante.html

terça-feira, 11 de novembro de 2025

Antes de mudar o mundo, educa o teu lar


 Antes de mudar o mundo, educa o teu lar

 

Marco Milani

 

Texto publicado na Revista Dirigente Espírita, n.209, nov/dez 2025, p. 12-13

 

O impulso de transformar o mundo é natural na juventude. O jovem traz em si o idealismo e a esperança de ver uma sociedade mais justa, movido pela coragem do Espírito que desperta para novas percepções da vida. Essa força é valiosa quando se orienta pela razão e pela responsabilidade, pois impulsiona o progresso. No entanto, quando carece de bases morais e espirituais, tende a se converter em rebeldia estéril, o desejo de reformar o mundo sem antes organizar a própria vida, como se fosse possível construir a ordem do todo ignorando a desordem do íntimo.

A sociologia clássica ensina que a juventude representa o elo entre o passado e o futuro. Émile Durkheim via a educação como instrumento de continuidade moral da sociedade, e Max Weber lembrava que a ação humana só encontra sentido quando orientada por valores estáveis. Quando esses valores são relativizados, o impulso de renovação perde direção e degenera em inconsequência. É o que se observa quando jovens, movidos por justas inquietações, adotam discursos que prometem mudar o planeta, mas não assumem o dever de transformar a si mesmos.

Não há progresso verdadeiro sem disciplina interior, e nenhuma reforma social é duradoura se o indivíduo permanece desordenado em seu lar e em sua consciência.

A Doutrina Espírita esclarece que toda mudança legítima começa no coração. Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos (questão 917), afirma que o egoísmo é o principal obstáculo ao progresso, e que a educação moral é o único meio eficaz de superá-lo. Essa educação, que forma o caráter e desperta a consciência espiritual, começa no lar. É na convivência familiar que o Espírito aprende a respeitar, a renunciar e a servir. A escola pode instruir, o centro espírita pode orientar, mas só o exemplo vivido em casa molda o sentimento e sedimenta o valor moral. No mesmo livro, nas questões 774 e 775, verifica-se que sem a família, a sociedade se desagregaria moralmente, pois é no lar que se formam os sentimentos de solidariedade e os princípios da responsabilidade.

Qualquer que seja a configuração familiar, é o primeiro laboratório da alma. Existem lares conduzidos por pais solteiros, mães dedicadas, casais e parceiros que refizeram suas vidas e famílias recompostas com filhos de diferentes uniões. Todas essas formas são legítimas expressões da experiência humana e atendem aos desígnios divinos, desde que nelas prevaleçam o amor responsável, o dever e o respeito. Nenhuma transformação social isenta o Espírito da responsabilidade de orientar, proteger e educar os que Deus lhe confiou. O essencial não é a forma do lar, mas a qualidade moral das relações que nele se estabelecem.

Entretanto, o modelo de família vem sendo alvo de ataques ideológicos que, sob o pretexto de libertar o indivíduo, buscam dissolver suas bases morais. Correntes de pensamento materialista tratam o lar como instrumento de dominação cultural e propõem sua substituição por estruturas coletivas e transitórias, alheias ao valor espiritual do vínculo familiar. Ao enfraquecer o sentido de paternidade, maternidade e responsabilidade, tais ideias geram indivíduos sem raízes morais, incapazes de sustentar compromissos estáveis. E uma sociedade formada por Espíritos imaturos dificilmente encontrará harmonia.

O Espiritismo, ao contrário, propõe uma revolução silenciosa e duradoura: o autoconhecimento e aprimoramento moral. A verdadeira transformação social nasce da autotransformação. Quando o lar se torna ambiente de amor, respeito e aprendizado mútuo, cada Espírito que dele parte leva ao mundo a semente do equilíbrio. É inútil desejar um planeta regenerado se a desordem começa dentro de casa. Como lembra o psicólogo canadense Jordan Peterson em linguagem contemporânea, quem não é capaz de “arrumar o próprio quarto” não está preparado para corrigir os rumos da humanidade.

A juventude, com sua vitalidade e idealismo, deve compreender que o primeiro ato realmente contestador é olhar para si mesmo e cumprir com dedicação os deveres mais simples: respeitar os pais, colaborar no lar, cultivar a honestidade e a disciplina. São esses valores que formam cidadãos conscientes e Espíritos equilibrados. A mudança autêntica não exige alardes, mas coerência entre o que se prega e o que se vive.

O lar, portanto, é o berço das virtudes que o mundo necessita. Educar o lar é educar a alma. Reformar o mundo sem reformar o coração é esforço vão, pois o desequilíbrio coletivo é reflexo das desordens individuais. Jesus, considerado um revolucionário por alguns, convidou-nos à transformação interior para a conquista do reino de Deus que está em nós mesmos, não à confrontação impensada. A sociedade será melhor quando houver mais ambientes harmoniosos, mais pais conscientes de sua missão e mais jovens capazes de unir idealismo e responsabilidade.

Antes de mudar o mundo, é preciso iluminar o próprio lar. Porque a paz global começa onde o amor se aprende: dentro de casa.

 

Referências

DURKHEIM, Émile. Educação e sociologia. Petrópolis: Vozes, 2011.

DURKHEIM, Émile. A educação moral. Petrópolis: Vozes, 2012.

KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Catanduva: Boa Nova, 2013.

PETERSON, Jordan B. 12 Regras para a Vida: Um Antídoto para o Caos. São Paulo: Alta Books, 2018.

WEBER, Max. Economia e sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva. Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 1999. 2 v.

 

sábado, 8 de novembro de 2025

Riscos conceituais e doutrinários do uso da inteligência artificial


 

Riscos conceituais e doutrinários do uso da inteligência artificial

 

Marco Milani

 

Texto publicado na Revista Dirigente Espírita, n.209, nov/dez 2025, p. 35-36

 

O avanço da inteligência artificial (IA) transformou a escrita e a pesquisa, oferecendo recursos úteis para organizar ideias, revisar textos e ampliar o acesso ao conhecimento. Entretanto, o uso indiscriminado dessas ferramentas na elaboração de artigos, aulas e palestras espíritas, sem a devida revisão humana, apresenta sérios riscos conceituais, doutrinários e éticos. As próprias empresas desenvolvedoras de IA advertem que seus sistemas podem gerar erros, omissões e distorções. No contexto espírita, isso exige redobrada cautela.

O primeiro problema é epistemológico. A IA não “sabe” o que escreve, pois ela apenas reproduz padrões de linguagem aprendidos em grandes bases de dados, sem compreender o conteúdo. Assim, pode mesclar ideias corretas e equívocos, citar fontes imprecisas ou confundir conceitos essenciais. Em textos sobre Espiritismo, essa limitação é grave, pois o sistema pode misturar o pensamento de Allan Kardec com interpretações fantasiosas ou doutrinas alheias. A linguagem fluente e convincente das respostas automatizadas aumenta o risco, já que o erro se apresenta com aparência de verdade.

O segundo problema é metodológico e doutrinário. O Espiritismo propõe um método baseado na razão, na verificação e na coerência. Kardec sempre defendeu o exame rigoroso das comunicações espirituais e a responsabilidade moral do divulgador. Utilizar a IA sem revisão equivale a publicar mensagens mediúnicas sem análise. O resultado pode conter desvios e comprometer a credibilidade do texto, do autor e da própria Doutrina aos olhos dos mais desatentos. A revisão criteriosa é, portanto, uma exigência moral e intelectual, pois é o autor encarnado quem responde pelo conteúdo que assina e divulga.

Outro risco é a diluição conceitual. A IA tende a uniformizar expressões e simplificar significados, confundindo termos de valor específico dentro da Doutrina. Pode tratar caridade como sinônimo de assistencialismo, fé como crença cega, ou perispírito como corpo físico, comprometendo a clareza e a coerência doutrinária. A precisão terminológica é essencial à preservação do pensamento espírita e qualquer descuido nesse campo contribui para distorção doutrinária.

Há também implicações éticas e pedagógicas. O educador e o expositor espírita têm responsabilidade sobre o que ensinam. A produção de textos automáticos reduz o envolvimento do autor e o transforma em mero transmissor de frases bem compostas, mas sem a devida reflexão pessoal. A força da aula ou da palestra está no diálogo entre o conhecimento e a experiência de quem fala, algo que nenhuma máquina pode reproduzir. O ensino espírita tem consequências morais, não sendo apenas informativo, exigindo ponderação e autenticidade.

As instituições espíritas também enfrentam riscos. Revistas, boletins e sites que publicam textos gerados por IA sem revisão comprometem sua credibilidade e responsabilidade doutrinária. A pressa em produzir materiais não pode se sobrepor ao compromisso com a verdade e a coerência ao ensino dos Espíritos. Como advertiu Erasto, “mais vale rejeitar dez verdades do que admitir uma só falsidade”[1]. O cuidado na divulgação é parte integrante da ética espírita.

A inteligência artificial, quando usada com discernimento, pode ser muito útil, mas deve permanecer como instrumento de apoio, e nunca como substituto do raciocínio. Produzir conteúdo espírita requer envolvimento moral e intelectual, pois se trata de transmitir valores e princípios que ultrapassam a linguagem.

O progresso técnico é legítimo e deve ser incorporado ao trabalho espírita com responsabilidade. Contudo, nenhuma ferramenta garante a coerência doutrinária. A tarefa do divulgador é compreender o que ensina, refletindo o ideal de Kardec de unir razão e moral, ciência e fé.

 As máquinas não compreendem os valores que expressam nem assumem responsabilidade moral por eles. Cabe, portanto, aos trabalhadores espíritas revisar, corrigir e discernir o que divulgam.

 



[1] Ver O Livro dos Médiuns, capítulo XX, “Influência moral dos médiuns”.

terça-feira, 4 de novembro de 2025

Ninguém nasce em corpo errado

 

Ninguém nasce em corpo errado

 

Marco Milani

 

Texto publicado na Revista Candeia Espírita, nº 50, nov/2025, p.10-11

 

Vivemos uma época em que o relativismo moral se apresenta como um dos maiores desafios à compreensão da vida e da existência espiritual. Parte significativa da população, afastada das referências espirituais, busca sentido apenas nos valores transitórios do mundo material. As consequências dessa visão imediatista são profundas: muitos passam a enxergar a vida como um acaso biológico e o corpo como mero produto de escolhas humanas, ignorando de que a existência física é apenas um capítulo do extenso processo evolutivo do Espírito.

O Espiritismo, ao revelar a realidade da vida espiritual e o princípio da reencarnação, oferece uma chave de entendimento que concilia razão, justiça e amor. A experiência terrena não é um erro nem um castigo, mas uma etapa indispensável na marcha ascendente do Espírito. Em cada encarnação, o ser encontra as condições adequadas para desenvolver suas virtudes e reparar erros passados. O corpo físico, longe de ser um acaso genético, é o instrumento necessário ao aprendizado que o Espírito necessita. A forma, as limitações e as circunstâncias materiais não são imposições arbitrárias, mas expressões de uma justiça que age segundo a sabedoria divina.

O Espírito escolhe, dentro das possibilidades que sua evolução lhe permite, as provas e expiações que mais contribuirão para o seu progresso. Assim, o corpo que recebe ao nascer é o mais apropriado às lições que deve vivenciar. Pode haver limitações, desconfortos e desafios, mas todos estão subordinados a um fim maior: o aprimoramento moral e intelectual. Nenhum Espírito é colocado em condição inadequada às suas necessidades evolutivas. Deus, sendo soberanamente justo e bom, não permite o acaso na estrutura da vida.

Essa compreensão não significa, entretanto, que devamos assumir postura passiva diante das dificuldades. O Espiritismo não prega o conformismo inerte, mas o esforço consciente pela superação de nossas imperfeições. O corpo deve ser cuidado, respeitado e amparado, pois é o instrumento de trabalho da alma na Terra. Buscar o bem-estar físico, emocional e psíquico é legítimo e fundamental, desde que feito em harmonia com as leis  naturais. Todavia, o inconformismo revoltado, que nega as próprias condições reencarnatórias e se volta contra as leis divinas e geralmente culpa as limitações alheias por seus insucessos e frustrações, apenas retarda o aprendizado e aprofunda o sofrimento.

O progresso real nasce do reconhecimento da sabedoria de Deus em todas as coisas. Quando compreendemos que cada situação vivida tem um propósito educativo, aprendemos a lidar com a dor de forma construtiva e a transformar o sofrimento em crescimento. A rebeldia contra as leis naturais, ao contrário, cria empecilhos para o amparo divino e mantém o homem prisioneiro das próprias ilusões.

A Doutrina Espírita nos convida a ver o corpo como uma bênção e uma oportunidade. É o templo sagrado onde o Espírito trabalha pela sua regeneração. Por meio dele, desenvolvemos a paciência, a empatia e a resignação ativa. Nenhuma característica física, condição social ou situação existencial define o valor espiritual do ser. O que realmente importa é a maneira como utilizamos as oportunidades que a vida nos concede para evoluir.

A fé raciocinada, enaltecida por Allan Kardec, nos liberta das interpretações superficiais e nos conduz à compreensão das causas e efeitos que regem a existência. Crer não é aceitar cegamente, mas compreender e confiar na justiça e bondade de Deus em todas as circunstâncias. Quando a inteligência se ilumina pela razão e pelo amor, não há espaço para revolta nem para a negação da própria encarnação.

O Espírito imortal é o artífice de seu próprio destino. Cada prova, cada dor e cada alegria compõem o conjunto de experiências que o conduzem à perfeição. A encarnação não é punição, mas caminho de ascensão. Ao compreender isso, o ser humano descobre que ninguém nasce em corpo errado, pois o corpo é o instrumento certo para a lição certa.

A verdadeira libertação está no entendimento das leis divinas e na prática da caridade. A caridade para consigo mesmo, que consiste em aceitar-se com serenidade e responsabilidade, e a caridade para com o próximo, que se expressa na compreensão, no respeito e no amor fraterno. Só a união entre razão e amor nos permite viver em paz com a própria consciência e colaborar na construção de um mundo mais justo sob a perspectiva dos homens e harmonioso.

O Espiritismo nos permite compreender que a justiça divina é perfeita, e que cada um de nós ocupa o exato lugar que necessita para aprender a amar. Nenhum Espírito está fora da Natureza e nenhum corpo é um erro na Criação. Tudo segue a ordem sábia do universo, que direciona cada ser, passo a passo, à plenitude espiritual.

 

sexta-feira, 3 de outubro de 2025

A árvore do bem não dá frutos de divisão

 

A árvore do bem não dá frutos de divisão
 
Marco Milani
 

Texto publicado na Revista Candeia Espírita, nº 49, out/2025, p.8-9

Como um fenômeno mais visível graças às redes sociais, verificam-se alguns grupos que paradoxalmente se autodenominam espíritas, mas voltam-se ao ativismo político-partidário e à defesa de pautas materialistas. Ao disseminar o ódio e procurar estigmatizar quem abraça outras preferências eleitorais, seus frutos são inequívocos: divisão, agressividade, linchamentos morais e desprezo pela liberdade de consciência. Certamente, a árvore que produz cólera não pode ser chamada de árvore do bem.

O Espiritismo não nasceu para servir de abrigo a militantes que seguem carcomidas cartilhas revolucionárias que objetivam a conquista do poder hegemônico e a formatação social.

 Quando coletivos organizados se apresentam como “espíritas” desta ou daquela facção ideológica e passam a patrulhar médiuns, dirigentes, colaboradores e palestrantes, tentando chantagear moralmente quem não adere ao seu engajamento, tornam-se agentes na guerra de posição gramsciana[i]. Kardec alertou para os detratores que semeariam a discórdia entre os adeptos; hoje os vemos tentando subverter o conceito de caridade por justiça social para impor narrativas próprias.

Embora seja legítimo que cada cidadão faça suas escolhas partidárias em uma sociedade plural, ao transformar grupos e redes espíritas em extensões de comitês políticos, demonizando irmãos de crença, reduzindo pessoas a rótulos e excomungando-as por divergências, os responsáveis por isso atestam enfermidade moral. Tais posturas, de cunho totalitário, envenenam ambientes, confundem novos adeptos e corroem as atividades pela desconfiança. É possível, sim, engajar-se socialmente com base nos valores espíritas, desde que a doutrina não seja subordinada a ideologias transitórias nem o respeito seja rompido. A verdadeira transformação, consequência de ações equilibradas e norteada pelo autoconhecimento e pela liberdade de consciência, não se confunde com a guerra política, que gera divisão e ódio, frutos amargos de sangrentas propostas revolucionárias.

O discurso desses grupos costuma revestir-se de conceitos como “direitos”, “justiça” ou “moralidade pública”, como se o bem exigisse unanimidade partidária e como se a caridade dependesse de fidelidade a um projeto de poder. Mas direitos que vêm com insultos, justiça que pede hostilidade, e moralidade que exclui quem pensa diferente não nascem do homem de bem.

Não será a menção esporádica de termos e frases adaptadas das obras espíritas que converterá agressão em virtude.

Há quem tente inverter o problema, acusando de “omissos” aqueles que recusam o palanque ou ativismo dentro das casas espíritas. Não. O Espiritismo é profundamente comprometido com a transformação moral e social, mas o seu método é outro: esclarecimento, exemplo, caridade, diálogo, respeito às liberdades individuais.

O centro espírita não é arena de combate partidário. E quem insiste nisso precisa ouvir um “não” claro, firme e sereno. Firmeza não é grosseria.

Quem quiser fazer militância, que o faça na esfera própria, sem sequestrar a imagem institucional espírita. Quem quiser vivenciar os princípios do Espiritismo, que pratique o amor que suporta diferenças sem capitular na verdade.

O adepto não deve se iludir com a retórica de que se trata apenas de um “diálogo social necessário e atual” quando isso converte irmãos em inimigos, desautoriza lideranças e trabalhadores por preferências políticas e pressiona instituições a se curvarem a programas partidários. Nesse caso, não se trata de “diálogo”, mas de projeto de poder. É um abuso que merece ser desmascarado e contido.

Que cada centro valorize, em seus estatutos, reuniões e comunicações, a liberdade de consciência e, destaque, que o proselitismo partidário vedado. Que dirigentes e expositores deem o exemplo, recusando convites para instrumentalizar a tribuna e corrigindo, com caridade, mas sem hesitação, desvios de percurso. Que trabalhadores e frequentadores aprendam a recusar a incitação à violência para, em sentido oposto, aceitar a convivência fraterna.

O Espiritismo é muito maior que qualquer ideologia política. Ao vivenciá-lo, cultivam-se frutos de paz, mansidão, justiça, coerência e respeito ao livre-arbítrio. Quem tenta usar a Doutrina como bandeira de facção colherá, no tempo, os efeitos nocivos das próprias obras. Cabe-nos vigiar, trabalhar e manter as instituições unidas, preservadas do ódio travestido de virtude.




[i] Para o ideólogo marxista Antonio Gramsci (1891-1937), a tomada do poder hegemônico não se dá apenas pela força, mas principalmente pela conquista gradual da cultura e das instituições da sociedade civil, como escolas, igrejas e meios de comunicação, para difundir uma visão de mundo e tornar seus valores dominantes.


sábado, 13 de setembro de 2025

As características do verdadeiro espírita

 

As características do verdadeiro espírita

 

Marco Milani

 

Texto publicado na Revista Dirigente Espírita, n.208, set/out 2025, p. 35-36

 

No capítulo XVII, item 4 de O Evangelho segundo o Espiritismo, Allan Kardec oferece uma das mais conhecidas definições do que é ser um verdadeiro espírita: “Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más.” Essa afirmação tem servido de referência para reflexões, estudos e práticas no movimento espírita. No entanto, é comum que se destaque apenas a parte final da frase, ignorando os elementos que a antecedem e que dão sentido pleno à caracterização feita por Kardec.

Uma leitura atenta do trecho mostra que essa identificação não se dá de forma puramente comportamental, mas parte da compreensão dos princípios doutrinários, os quais produzem no indivíduo efeitos transformadores duradouros. O esforço pela melhoria moral, embora essencial, não basta para definir o verdadeiro espírita se estiver dissociado do conhecimento e da adesão consciente aos fundamentos do Espiritismo.

Kardec inicia o trecho afirmando que o verdadeiro espírita “se acha em grau superior de adiantamento moral” e que “o Espírito, que nele domina de modo mais completo a matéria, dá-lhe uma percepção mais clara do futuro”. Ou seja, trata-se de alguém em que os valores do Espírito predominam sobre os impulsos materiais, e cuja sensibilidade espiritual é mais desenvolvida. Mas não se trata de uma superioridade estática ou inata: ela se revela pelo que o indivíduo compreende, acolhe e pratica. A chave dessa sensibilidade ampliada está na frase: “os princípios da doutrina lhe fazem vibrar fibras que nos outros se conservam inertes”. Isso significa que há uma afinidade íntima entre o Espírito que desperta e os ensinamentos espíritas, que não apenas o comovem intelectualmente, mas o tocam no sentimento, levando à fé inabalável.

Kardec reforça essa ideia com a metáfora do músico: “Um é qual músico que alguns acordes bastam para comover, ao passo que outro apenas ouve sons.” Essa imagem esclarece que não se trata apenas de escutar ou ler os ensinamentos doutrinários, mas de compreendê-los com profundidade e sentir suas implicações morais. Tal sensibilidade decorre de um progresso já alcançado e se manifesta no esforço consciente de transformação. Não basta, portanto, desejar ser melhor ou agir com boas intenções.

O verdadeiro espírita, portanto, é aquele que compreende os princípios do Espiritismo e se compromete com eles em sua vivência diária, mesmo diante das próprias imperfeições.

Desconsiderar essa dimensão doutrinária leva a um engano conceitual: considerar como espírita qualquer pessoa de boa vontade, independentemente das ideias que adote. Isso significaria, paradoxalmente, que fossem considerados espíritas sinceros indivíduos que defendem crenças, práticas e valores contrários ao Espiritismo, desde que aleguem boa intenção. Tal distorção é incompatível com a proposta kardequiana, pois o que caracteriza o verdadeiro espírita não é apenas a busca pelo bem, mesmo essa sendo fundamental, mas a busca orientada pelos princípios da doutrina.

O Espiritismo, sendo uma doutrina de consequências morais, não propõe uma conduta descolada de seu corpo filosófico e científico. Ele oferece uma concepção racional da vida e do destino da alma, que orienta e dá sentido às escolhas morais. Kardec deixa claro que a transformação moral é fruto da assimilação consciente e profunda dessas verdades, e não de um moralismo voluntarista ou emocional. Por isso, o verdadeiro espírita é “tocado no coração” pelos princípios da doutrina, o que significa que sua fé é iluminada pela razão, mas sustentada pelo sentimento.

Adotar o Espiritismo apenas como uma filosofia moral desprovida de fundamentos doutrinários é reduzi-lo a um humanismo espiritual genérico, dissolvendo sua identidade e confundindo seus objetivos. A consequência disso é que qualquer movimento ou corrente que proponha uma ética altruísta poderia ser considerado espírita, ainda que negue a reencarnação, a comunicabilidade dos Espíritos ou a existência de Deus, o que seria, evidentemente, um contrassenso.

O critério proposto por Kardec é claro: o verdadeiro espírita é aquele que, tocado pelos princípios doutrinários, esforça-se conscientemente por domar suas más inclinações, iluminado por uma fé raciocinada que lhe amplia o horizonte espiritual. Essa identificação não é feita por rótulo, prática exterior ou aparência de bondade, mas por coerência entre pensamento, sentimento e ação, enraizados no conhecimento dos fundamentos espíritas.

A moral espírita é inseparável de sua filosofia e de sua ciência. A transformação moral não é um fenômeno espontâneo ou místico, mas o resultado de um processo consciente de educação e prática da caridade. É esse o caminho que o Espiritismo propõe, e é por ele que se reconhece, de fato, o espírita verdadeiro e sincero.

 



terça-feira, 9 de setembro de 2025

Um rumo possível do movimento espírita


Um rumo possível do movimento espírita

 

Marco Milani

 

Texto publicado na Revista Dirigente Espírita, n.208, set/out 2025, p. 13-14

 

Recentemente, a desencarnação do conhecido médium baiano, Divaldo Pereira Franco, suscitou diferentes reflexões sobre as características culturais do movimento espírita brasileiro. Além de se reconhecer a sua profícua divulgação do Espiritismo, constata-se que ele foi o último dos grandes nomes cuja vasta produção mediúnica e eloquente oratória atravessaram as fronteiras nacionais e influenciaram os adeptos de dezenas de países. Tal produção é superada, apenas, pelo médium mineiro, Francisco Cândido Xavier, o qual foi, para muitos, o maior representante espírita brasileiro ao popularizar a doutrina a partir de meados do século XX.

Estudos sociológicos e antropológicos anteriores, como os de Hess (1991)[1], Stoll (1999)[2] e Lewgoy (2004)[3], já destacaram o papel central que médiuns carismáticos desempenharam na formação cultural do Espiritismo no Brasil, imprimindo elementos muito peculiares.

Desde a formação dos primeiros grupos mediúnicos espíritas brasileiros, no final do século XIX, existiram tensões comportamentais, principalmente quanto à postura desviante religiosista, conforme relatam Arribas (2008)[4] e Quintela (2010)[5], apontando o embate ideológico entre os chamados “místicos” e “científicos” no Rio de Janeiro, então capital do Império. Observou-se a tendência de se adotar um comportamento de tom venerativo em relação aos Espíritos comunicantes, priorizando sua identidade e suposta elevação moral em detrimento dos cuidados metodológicos da universalidade e da fé raciocinada.

Apesar de não ser o desejado, é compreensível que, ao ser disseminada para diferentes contextos geográficos e culturais, qualquer filosofia ou sistema de pensamento passe por um processo de ressignificação local. Essa “ambientação cultural” é objeto de estudo de diversas correntes das ciências sociais que observam como ideias universais são reinterpretadas conforme os códigos simbólicos, históricos e afetivos de cada sociedade. Geertz (1978)[6] destacou que não existe apropriação neutra de um corpo doutrinário: ele será necessariamente moldado por mediações simbólicas e práticas locais. No caso do Espiritismo, sua chegada ao Brasil encontrou um solo promissor para esse tipo de recriação, marcado por uma religiosidade popular influenciada pela tradição católica, pelo sincretismo e pela valorização da autoridade carismática, fatores que contribuíram para a configuração de um modelo devocional próprio, ainda que sustentado por referências formais à codificação original de Kardec.

Entretanto, se por um lado tais adaptações culturais são compreensíveis no processo de disseminação de qualquer doutrina, por outro é igualmente esperado que, com o tempo, haja um amadurecimento capaz de promover o retorno crítico e consciente às suas bases originárias. Assim como a fase adulta supera a juvenil não por negar sua história, mas por ressignificá-la com maior lucidez, também o movimento espírita pode evoluir superando formas de adesão baseadas no carisma individual ou na emoção devocional. Esse percurso não representa um retrocesso, mas um avanço no sentido da coerência doutrinária e da fidelidade reflexiva. O próprio Espiritismo, ao propor-se como o Consolador prometido, não anulou a mensagem de Jesus, mas a retomou em sua essência moral e racional, despida das deturpações dogmáticas acumuladas ao longo dos séculos. Trata-se de um exemplo claro de progresso intelectual e ético que, longe de repetir o passado, o eleva e o depura. Da mesma forma, a valorização consciente aos fundamentos kardequianos ao invés de posições opinativas de determinados médiuns e Espíritos deve representar para o movimento espírita não uma negação de sua história, mas a continuidade de seu propósito de iluminação das consciências com liberdade, responsabilidade e razão.

Esse amadurecimento pode se concretizar por meio de uma educação doutrinária mais vigorosa e estruturada, que vá além da memorização de frases consagradas ou da aceitação automática de conteúdos atribuídos a médiuns renomados. O combate efetivo às más inclinações e o consequente aprimoramento moral, objetivos do verdadeiro espírita, decorrem da precisa compreensão da realidade espiritual, o que é possível quando se adota a fé raciocinada proposta por Kardec. Essa fé não se sustenta em crenças passivas ou emocionais, mas em uma postura analítica, capaz de avaliar racionalmente as informações recebidas e de submetê-las ao crivo da lógica, da moral universal e da coerência com o conjunto do ensino dos Espíritos. Assim, incentivar o estudo aprofundado dos princípios doutrinário, o debate respeitoso com outras áreas do saber e, sobretudo, a adoção sistemática do critério da universalidade como método de validação de conteúdo, são práticas fundamentais para o desenvolvimento consciente e autêntico do movimento espírita. Dessa forma, o Espiritismo seguirá fortalecido em sua proposta original, marchando com solidez e discernimento no cumprimento de sua missão esclarecedora e moralizadora.

A crescente oferta de cursos e estudos sistemáticos das obras de Kardec tem favorecido uma compreensão mais crítica e robusta do Espiritismo, enquanto o estímulo ao diálogo com a ciência contribui para consolidar uma abordagem mais racional e menos fantasiosa. Paralelamente, pesquisas acadêmicas sobre temas como reencarnação, experiências de quase-morte e mediunidade, conduzidas por estudiosos não espíritas em diversos países, reforçam a legitimidade do estudo da realidade espiritual em bases empíricas e interdisciplinares.

Diante dos desafios e possibilidades do presente, os rumos do Espiritismo envolvem o resgate integral de sua proposta filosófico-científica: uma doutrina fundamentada na razão, no método e na moral, sem o devocionalismo que a obscurece. O caminho para que o movimento espírita brasileiro avance com firmeza e serenidade é pautado pelo conhecimento que liberta dos grilhões da ignorância mística e supersticiosa.



[1] HESS, David J. Spirits and Scientists: Ideology, Spiritism, and Brazilian Culture. University Park, PA: Penn State University Press, 1991

[2] STOLL, Sandra J. Entre dois mundos: o Espiritismo da França e no Brasil. Tese de Doutorado, São Paulo, USP, 1999.

[3] LEWGOY, Bernardo. O grande mediador: Chico Xavier e a cultura brasileira. Bauru: Edusc, 2004.

[4] ARRIBAS, Célia G. O crescimento do aspecto religioso do Espiritismo no Brasil no século XX e XXI: um estudo das representações sociais da doutrina espírita na contemporaneidade. Dissertação de Mestrado, São Paulo, PUC, 2008.

[5] QUINTELLA, Mauro. História do espiritismo no Brasil: origens, consolidação e desenvolvimento. AJEE, 2010.

[6] GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: Zahar, 1978