Uma
conversa desapaixonada e racional
No dia 30/11/21, a USE realizou, por meio de seu Departamento de Doutrina
(DD), uma Live sobre o relevante e não raramente controverso tema
Alimentação animal e evolução espiritual. O evento contou com a participação da
nutricionista Elisângela Lima, da médica Karina Rafaelli e do biólogo João
Tozzi. A moderação foi do diretor do DD, Marco Milani.
Interagindo com o público que
colaborou com diversos comentários e perguntas no chat, os convidados
discorreram sobre a importância de sempre se consultar um profissional da área
da saúde para orientações a respeito de mudança e aprimoramento da dieta
pessoal, destacando que cada pessoa apresenta características específicas que podem
exigir um determinado tipo de acompanhamento alimentar.
Destacou-se que a moderação nos hábitos, sejam esses com ou sem a
alimentação animal, além do respeito às necessidades do próprio organismo, favorecem
o equilíbrio individual e melhoram a qualidade de vida.
Com relação às dietas que não tenham origem animal, exigem-se cuidados suplementares
de macro e micronutrientes. Tal é a condição daqueles que optaram pelo
vegetarianismo e veganismo.
Sobre a questão espiritual, sempre servindo-se de Kardec como
referência, a alimentação animal é condizente com as demandas nutricionais do ser
humano e, conforme explicitado na questão nº 723, de O Livro dos Espíritos, “a
carne nutre a carne”. Segundo a resposta
dos Espíritos, “a lei de conservação dá ao homem o dever de entreter suas
forças e sua saúde para cumprir a lei do trabalho. Ele deve, pois, se alimentar
segundo exige a sua constituição”.
Em algumas obras mediúnicas, constata-se que os Espíritos comunicantes
podem opinar sobre o assunto. Contando com a assistência de Emmanuel, o médium
Francisco Cândido Xavier assim se posiciona no livro Dos hippies aos problemas
do mundo, diante da pergunta de Nelson Mancuso:
CHICO XAVIER - Essa questão é
uma questão antiga no mundo espiritualista. Nós temos nos apropriado da
cooperação compulsória dos animais, há muitos, muitos milênios. O nosso corpo
espiritual está condicionado em grande maioria de nós outros à absorção das
proteínas do reino animal. Então, se nós estamos ainda subordinados à
necessidade de valores proteicos que recebemos da carne, nós não devemos entrar
em regimes vegetarianos de um dia para outro e sim educar o nosso organismo
para realizarmos essa adaptação. Nesse sentido, muitas vezes, quando a nossa vontade
já não mais se dirige para a alimentação com base na carne, precisamos
considerar o nosso problema de saúde, ouvir um médico amigo, que possa nos
aconselhar quanto ao problema de nossa alimentação, para que os nossos
problemas de nutrição sejam resolvidos com harmonia e segurança, para não
cairmos na perda de memória e em determinados desastres orgânicos por falta de
valores proteicos intensivos em nosso campo celular. Vamos pensar nisto e
muitos de nós precisamos ainda da alimentação com base na carne, embora essa
alimentação tenha para nós um valor de terapêutica. Isso parece uma
racionalização em Psiquiatria. Parece que nós estamos criando uma desculpa para
comer a carne. Mas não é bem isso. A maioria de nós ainda necessita da carne e
para dispensarmos esse tipo de concurso dos animais, precisamos tempo, para que
a nossa reencarnação possa produzir os valores a que somos chamados. Nós todos
somos chamados a produzir algo de bem e precisamos saúde, vida laudável, vida
robusta. A pecuária ainda é um dos fatores da economia humana. Não podemos
tratar estes casos com ingenuidade, conquanto os animais nos mereçam o máximo
respeito e não devamos criar situações de extermínio desnecessário para eles. Nós
precisamos ainda da carne, precisamos de leite, dos laticínios, precisamos de
muitos modos da cooperação dos animais, na farmacologia, na nossa vida comum.
Por enquanto não podemos dispensar, mas também não devemos estar como senhores
absolutos da natureza. Queremos bife de filé, carne de cabrito e peixe e carneiro,
tudo de uma vez. Um pedacinho de carne.”
Sem qualquer pretensão de esgotar o assunto e sempre respeitando
diferentes perspectivas, as considerações finais alinharam-se com a valorização
da liberdade de pensamento e responsabilidade de cada um que o Espiritismo
valoriza. Que possamos exemplificar o que acreditamos sem querer impor ao outro
o que gostaríamos de ser. O indivíduo tem o livre-arbítrio para escolher a
dieta que lhe for mais adequada conforme sua constituição orgânica, suas
restrições orçamentárias e sua própria consciência, cuidando do corpo e do
Espírito.
Link para a
Live: https://youtu.be/X2SUQjPX0Qk
Assisti a live e gostei muito da forma como abordaram o assunto. Todos os aspectos foram trazidos à baila e discutido tanto tecnicamente como doutrinariamente. Basicamente o que se deve ter é bom senso e autonomia a respeito. Parabéns a todos.
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