quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

Alimentação animal e evolução espiritual

 



ALIMENTAÇÃO ANIMAL E EVOLUÇÃO ESPIRITUAL

Uma conversa desapaixonada e racional

 

No dia 30/11/21, a USE realizou, por meio de seu Departamento de Doutrina (DD), uma Live sobre o relevante e não raramente controverso tema Alimentação animal e evolução espiritual. O evento contou com a participação da nutricionista Elisângela Lima, da médica Karina Rafaelli e do biólogo João Tozzi. A moderação foi do diretor do DD, Marco Milani.

               Interagindo com o público que colaborou com diversos comentários e perguntas no chat, os convidados discorreram sobre a importância de sempre se consultar um profissional da área da saúde para orientações a respeito de mudança e aprimoramento da dieta pessoal, destacando que cada pessoa apresenta características específicas que podem exigir um determinado tipo de acompanhamento alimentar.

Destacou-se que a moderação nos hábitos, sejam esses com ou sem a alimentação animal, além do respeito às necessidades do próprio organismo, favorecem o equilíbrio individual e melhoram a qualidade de vida.

Com relação às dietas que não tenham origem animal, exigem-se cuidados suplementares de macro e micronutrientes. Tal é a condição daqueles que optaram pelo vegetarianismo e veganismo.

Sobre a questão espiritual, sempre servindo-se de Kardec como referência, a alimentação animal é condizente com as demandas nutricionais do ser humano e, conforme explicitado na questão nº 723, de O Livro dos Espíritos, “a carne nutre a carne”.  Segundo a resposta dos Espíritos, “a lei de conservação dá ao homem o dever de entreter suas forças e sua saúde para cumprir a lei do trabalho. Ele deve, pois, se alimentar segundo exige a sua constituição”.

Em algumas obras mediúnicas, constata-se que os Espíritos comunicantes podem opinar sobre o assunto. Contando com a assistência de Emmanuel, o médium Francisco Cândido Xavier assim se posiciona no livro Dos hippies aos problemas do mundo, diante da pergunta de Nelson Mancuso:

 “NM - Irmão Chico, gostaria que me esclarecesse sobre a alimentação da carne, assunto dos mais controvertidos, quando sabemos que, segundo alguns, esse sacrifício dos nossos irmãos inferiores, faz parte da evolução dos mesmos. Há muito tempo queria ouvir o esclarecimento do nosso irmão Chico, com a assistência do nosso Emmanuel.

 CHICO XAVIER - Essa questão é uma questão antiga no mundo espiritualista. Nós temos nos apropriado da cooperação compulsória dos animais, há muitos, muitos milênios. O nosso corpo espiritual está condicionado em grande maioria de nós outros à absorção das proteínas do reino animal. Então, se nós estamos ainda subordinados à necessidade de valores proteicos que recebemos da carne, nós não devemos entrar em regimes vegetarianos de um dia para outro e sim educar o nosso organismo para realizarmos essa adaptação. Nesse sentido, muitas vezes, quando a nossa vontade já não mais se dirige para a alimentação com base na carne, precisamos considerar o nosso problema de saúde, ouvir um médico amigo, que possa nos aconselhar quanto ao problema de nossa alimentação, para que os nossos problemas de nutrição sejam resolvidos com harmonia e segurança, para não cairmos na perda de memória e em determinados desastres orgânicos por falta de valores proteicos intensivos em nosso campo celular. Vamos pensar nisto e muitos de nós precisamos ainda da alimentação com base na carne, embora essa alimentação tenha para nós um valor de terapêutica. Isso parece uma racionalização em Psiquiatria. Parece que nós estamos criando uma desculpa para comer a carne. Mas não é bem isso. A maioria de nós ainda necessita da carne e para dispensarmos esse tipo de concurso dos animais, precisamos tempo, para que a nossa reencarnação possa produzir os valores a que somos chamados. Nós todos somos chamados a produzir algo de bem e precisamos saúde, vida laudável, vida robusta. A pecuária ainda é um dos fatores da economia humana. Não podemos tratar estes casos com ingenuidade, conquanto os animais nos mereçam o máximo respeito e não devamos criar situações de extermínio desnecessário para eles. Nós precisamos ainda da carne, precisamos de leite, dos laticínios, precisamos de muitos modos da cooperação dos animais, na farmacologia, na nossa vida comum. Por enquanto não podemos dispensar, mas também não devemos estar como senhores absolutos da natureza. Queremos bife de filé, carne de cabrito e peixe e carneiro, tudo de uma vez. Um pedacinho de carne.”

 De maneira objetiva, os convidados da Live citaram algumas passagens para reflexão, como por exemplo, “não é o que entra pela boca que torna o homem impuro, mas o que sai da boca, isso é que torna o homem impuro” (Mt 15, 1-2.10-14) e, também, “cuidar do corpo e do Espírito”, conforme mensagem do Espírito Georges apresentada em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Capítulo XVII - Sede perfeito, item 11.

Sem qualquer pretensão de esgotar o assunto e sempre respeitando diferentes perspectivas, as considerações finais alinharam-se com a valorização da liberdade de pensamento e responsabilidade de cada um que o Espiritismo valoriza. Que possamos exemplificar o que acreditamos sem querer impor ao outro o que gostaríamos de ser. O indivíduo tem o livre-arbítrio para escolher a dieta que lhe for mais adequada conforme sua constituição orgânica, suas restrições orçamentárias e sua própria consciência, cuidando do corpo e do Espírito.

 

Link para a Live: https://youtu.be/X2SUQjPX0Qk

 


Um comentário:

  1. Assisti a live e gostei muito da forma como abordaram o assunto. Todos os aspectos foram trazidos à baila e discutido tanto tecnicamente como doutrinariamente. Basicamente o que se deve ter é bom senso e autonomia a respeito. Parabéns a todos.

    ResponderExcluir