O Evangelho Segundo o Espiritismo: alguns comentários
Marco
Milani
Obra fundamental para todo aquele que
deseja compreender e vivenciar a Doutrina dos Espíritos, o Evangelho Segundo o
Espiritismo (ESE) tem o seu sesquicentenário celebrado em 2014. Sua relevância,
porém, não se situa em sua longevidade, mas em sua atualidade!
Encontramos, no prefácio do livro, a
instrução transmitida pelo Espírito da Verdade, na qual ele anuncia que são
chegados os tempos em que todas as coisas devem ser restabelecidas no seu
verdadeiro sentido, para dissipar as trevas, confundir os orgulhosos e
glorificar os justos, além de convidar os homens a se unirem para fazer a
vontade do Pai. Em nota, Allan Kardec afirma que esse é o objetivo do ESE e,
também, o verdadeiro caráter do próprio Espiritismo.
Herculano Pires, ao traduzir o ESE do
original francês para a versão em português, destaca que esse livro representa
um manual de aplicação moral do Espiritismo e oferece a base e o roteiro da
religião espírita. Kardec, em novembro de 1868, durante o seu discurso de
abertura na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, assim se pronunciou: “Dir-se-á,
o Espiritismo é, pois, uma religião? Pois bem, sim! sem dúvida, senhores; no
sentido filosófico, o Espiritismo é uma religião, e disto nos glorificamos,
porque é a doutrina que fundamenta os laços da fraternidade e da comunhão de
pensamentos, não sobre uma simples convenção, mas sobre as bases mais sólidas;
as próprias leis da Natureza”. Logo, o Espiritismo é uma religião,
diferenciando-se da associação que algumas pessoas podem fazer com estruturas
formais hierarquizadas, com rituais, dogmas, paramentos e outras
características típicas das religiões tradicionais e que não existem no
Espiritismo.
E por que o Espiritismo é cristão? Ao
se questionar os espíritos sobre o tipo mais perfeito que pode servir de guia e
modelo ao homem (O Livro dos Espíritos, questão 625), a resposta foi: Jesus. Na
Revista Espírita, em abril de 1866, Kardec afirma: “Inscrevendo no frontispício
do Espiritismo a suprema lei do Cristo, abrimos o caminho para o Espiritismo
Cristão, e fomos instituídos, pois, em desenvolver os seus princípios, assim
como os caracteres do verdadeiro espírita sob esse ponto de vista”. Nesse
sentido, o Espiritismo representa o Consolador prometido por Jesus.
É no ESE, em seu capítulo 17 - item 4,
que o verdadeiro espírita é caracterizado. É aquele que busca se transformar porque
conhece a sua realidade espiritual e consegue compreender as consequências de
seus atos diante de um contexto natural regulado pelas leis divinas. Conforme
afirma Kardec, os princípios doutrinários lhe fazem vibrar as fibras que nos
outros permanecem mudas; em uma palavra: foi tocado no coração, e por isso a
sua fé é inabalável. Assim, o verdadeiro espírita busca se transformar porque
conhece a sua realidade espiritual e consegue compreender as consequências de
seus atos diante de um contexto natural regulado pelas leis divinas.
Em seus vinte e oito capítulos,
encontramos no ESE a orientação ética e moral para o maior objetivo do ser
humano: a própria evolução espiritual. O desvendar da realidade do ser e sua
relação com o Criador, de suas potencialidades individuais e de suas
responsabilidades perante si e para com o próximo é de um valor inestimável, que
não somente responde as questões existenciais que sempre angustiaram o homem
(quem somos, de onde viemos e para onde estamos indo?), assim como oferece um
roteiro seguro sobre o que devemos fazer para alcançar a tão sonhada
felicidade, pelo amor e pela instrução.
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