sexta-feira, 12 de maio de 2017

Materialismo e espíritas “não praticantes”


Materialismo e espíritas “não praticantes”

Marco Milani

            A expressão “não praticante” é usada de maneira informal para designar aqueles que afirmam professar determinada crença, mas não praticam ou não se comportam conforme os preceitos esperados dessa mesma linha religiosa ou filosófica.
            No Brasil, um país cuja tradição católica influenciou a própria cultura e ainda hoje compõe o grupo religioso majoritário, não é raro encontrarmos católicos que se dizem não praticantes, por diferentes motivos.
            Há muitas críticas sobre a validade dessa expressão, uma vez que se autodeclarar ou apontar alguém como “não praticante” sinaliza uma contradição lógica. Nesse sentido, alguém só pode ser profitente ou seguidor de algo se efetivamente agir de maneira coerente com o que afirma acreditar.
            O adjetivo “simpatizante” é mais adequado e pode substituir o uso do “não praticante”. Fulano é simpatizante porque admira ou tem afinidade com os preceitos e dogmas de determinada linha de pensamento, mas não está vinculado a ponto de representar ou exemplificar tal linha. Aproxima-se mas não se envolve completamente.
            Com relação ao Espiritismo, é mais comum encontrarmos simpatizantes do que pessoas que se considerem não praticantes, entretanto, ocorre algo relativamente frequente. Indivíduos que afirmam ser espíritas mas agem de maneira incoerente com os princípios e valores da Doutrina dos Espíritos.
            Em outras palavras, há incoerentes que se dizem espíritas, assim como acontece em qualquer denominação.
            Há diferentes maneiras do suposto adepto agir paradoxalmente. Uma delas é defender abordagens materialistas na interpretação das relações humanas, da história e dos fenômenos sociais, desprezando as premissas espíritas.
O materialismo nega, a priori, a existência de algo mais além da matéria. Ora, há nítida contradição quando alguém se afirma espírita e abraça teorias materialistas que negam a própria realidade do Espírito.
Ao rejeitar o processo evolutivo do ser espiritual, a miopia materialista sustenta que a bagagem genética e o contexto socioeconômico são os principais determinantes das características psicológicas e comportamentais dos indivíduos, ignorando completamente as conquistas e reflexos realizados pelo ser em encarnações anteriores e que se manifestam ostensivamente na encarnação presente.
Certamente o meio influencia o comportamento dos seres, mas é o nível moral e intelectual do indivíduo que pautará as suas ações. Em cada reencarnação, teremos valiosas oportunidades para a realização do próprio progresso por mérito.
Na conclusão de O Livro dos Espíritos, parte II, encontramos a afirmação de que o Espiritismo é o mais terrível antagonista do materialismo. Que possamos refletir sobre essa afirmação e agirmos coerentemente.


Fonte: Jornal do Instituto Espírita de Educação, mai/jun 2017, p.7.

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