Materialismo e espíritas
“não praticantes”
Marco Milani
A expressão “não praticante” é usada
de maneira informal para designar aqueles que afirmam professar determinada
crença, mas não praticam ou não se comportam conforme os preceitos esperados
dessa mesma linha religiosa ou filosófica.
No Brasil, um país cuja tradição
católica influenciou a própria cultura e ainda hoje compõe o grupo religioso
majoritário, não é raro encontrarmos católicos que se dizem não praticantes,
por diferentes motivos.
Há muitas críticas sobre a validade
dessa expressão, uma vez que se autodeclarar ou apontar alguém como “não
praticante” sinaliza uma contradição lógica. Nesse sentido, alguém só pode ser
profitente ou seguidor de algo se efetivamente agir de maneira coerente com o
que afirma acreditar.
O adjetivo “simpatizante” é mais
adequado e pode substituir o uso do “não praticante”. Fulano é simpatizante
porque admira ou tem afinidade com os preceitos e dogmas de determinada linha
de pensamento, mas não está vinculado a ponto de representar ou exemplificar
tal linha. Aproxima-se mas não se envolve completamente.
Com relação ao Espiritismo, é mais comum
encontrarmos simpatizantes do que pessoas que se considerem não praticantes,
entretanto, ocorre algo relativamente frequente. Indivíduos que afirmam ser
espíritas mas agem de maneira incoerente com os princípios e valores da
Doutrina dos Espíritos.
Em
outras palavras, há incoerentes que se dizem espíritas, assim como acontece em
qualquer denominação.
Há diferentes maneiras do suposto
adepto agir paradoxalmente. Uma delas é defender abordagens materialistas na
interpretação das relações humanas, da história e dos fenômenos sociais, desprezando
as premissas espíritas.
O materialismo nega, a priori, a existência
de algo mais além da matéria. Ora, há nítida contradição quando alguém se
afirma espírita e abraça teorias materialistas que negam a própria realidade do
Espírito.
Ao rejeitar o processo evolutivo do ser
espiritual, a miopia materialista sustenta que a bagagem genética e o contexto
socioeconômico são os principais determinantes das características psicológicas
e comportamentais dos indivíduos, ignorando completamente as conquistas e
reflexos realizados pelo ser em encarnações anteriores e que se manifestam
ostensivamente na encarnação presente.
Certamente o meio influencia o comportamento
dos seres, mas é o nível moral e intelectual do indivíduo que pautará as suas
ações. Em cada reencarnação, teremos valiosas oportunidades para a realização
do próprio progresso por mérito.
Na conclusão de O Livro dos Espíritos, parte
II, encontramos a afirmação de que o Espiritismo é o mais terrível antagonista
do materialismo. Que possamos refletir sobre essa afirmação e agirmos
coerentemente.
Fonte: Jornal do
Instituto Espírita de Educação, mai/jun 2017, p.7.
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