Comentários sobre o
Capítulo XV, de A Gênese, itens 64 a 68:
O desaparecimento do
corpo de Jesus.
Marco
Milani*
(Texto publicado no
boletim Dirigente Espírita, nº 167, set/out 2018, p. 5)
Apesar
de já ter sido objeto de discussões entre alguns pesquisadores em anos
anteriores, as alterações ocorridas na 5ª edição da obra A Gênese,
comparativamente às suas quatro primeiras edições, receberam grande destaque
após o lançamento do livro O Legado de Allan Kardec, por Simoni Privato
Goindanich, no final de 2017 na versão em espanhol e início de 2018 na versão
em português.
A pesquisa documental realizada por
Simoni Privato lançou novas luzes sobre o assunto, contribuindo decisivamente
para a elucidação de aspectos históricos até então pouco explorados.
Desde o alerta feito por Henri
Sausse em 1884 sobre as mais de uma centena de alterações encontradas na 5ª
edição de A Gênese e as circunstâncias que impedem a identificação segura da
autoria das mesmas, especula-se se Allan Kardec teria realmente modificado a
obra antes de seu desencarne em março de 1869.
Simoni Privato reúne documentos
comprobatórios de que, em vida, Kardec publicou até a 4ª edição da obra em
fevereiro 1869, a qual era idêntica à 1ª edição. A 5ª edição somente foi
publicada em 1872. Destaca-se o fato de que, em seu último livro escrito,
intitulado “Catálogo racional para se formar uma biblioteca espírita”, Kardec
faz menção direta a um item específico do capítulo XV da 4ª edição, mas que,
misteriosamente, foi suprimido da 5ª edição e os itens renumerados.
O item 67, presente na 4ª edição,
trata justamente das possíveis explicações para o desaparecimento do corpo de
Jesus, sendo consideradas apenas as hipóteses de um roubo clandestino ou da ocorrência
dos fenômenos mediúnicos de transporte ou invisibilidade. Em momento algum sinaliza-se a possibilidade de que o sumiço do corpo estaria relacionado à crença docetista do mesmo ser fluídico, como desejariam os seguidores de Roustaing. Ressalta-se, ainda, a
necessidade de que qualquer explicação seja validada pelo critério da
universalidade dos ensinamentos dos Espíritos.
O leitor poderá seguir o claro
raciocínio de Kardec para essa questão no estudo dos itens 64 a 68 da 4ª
edição, porém na 5ª edição notará que o desenvolvimento dessas hipóteses foi
prejudicado com a eliminação do item 67 da edição original e renumeração do
item 68 como sendo esse o item 67 da versão modificada. Uma vez que o objetivo
foi discutir o desaparecimento do corpo de Jesus, a 4ª edição está fundamentada
em uma sequência lógica nos itens citados (até o 68) que foi prejudicado pela
supressão ocorrida na 5ª edição.
* Diretor do Departamento de Doutrina
da USE-SP. Presidente da USE Regional de Campinas.
Fonte: https://app.associatec.com.br/upload/organizacao_000000000000037/noticia/documento/326/167.pdf
Parabens a Simoni e a todos os envolvidos nesta maravilhosa aclaraçao;servindo vomo verdaderos soldados de nuestro respeitado Codificador.
ResponderExcluirConhecereis a verdade é ela vos fará livres. Jesus
ResponderExcluirSeria mais coerente se fosse a presentada as edições anteriores que supostamente foram alteradas na 5ª edição. Desse modo estamos diante de uma acusação sem provas. De posse das duas edições haveria uma possibilidade de confronto e apreciação de ambas, para que através de um critério lógico, baseado no bom senso e na razão se pudesse chegar a um veredito. por enquanto só temos uma afirmação de alteração no livro A Gênese,mas falta o óbvio, á edição original para uma análise criteriosa.
ResponderExcluirLevi, seus comentários podem ser facilmente esclarecidos. As edições anteriores estão disponíveis para consulta online ou para download, tanto no original em francês quanto na tradução em português da CELD (4ª edição). Lembro que as 4 primeiras edições são exatamente iguais e somente a partir de 1872, na 5ª edição, é que as modificações ocorreram.
ExcluirSegue o link para todas as versões em francês: https://kardecpedia.com/obra/15
Assim, algumas diferenças são significativas e prejudicam o conteúdo. A autoria da modificações da 5ª edição (1872) é desconhecida.