Marco
Milani
Texto
publicado na Revista Dirigente Espírita, ed. 198, nov/dez 2023, p. 17-18
Na questão nº 625 de O livro dos
Espíritos, Jesus é indicado como o tipo mais perfeito que o homem pode ter como
guia e modelo moral na Terra. Essa indicação não foi o resultado de uma
opinião, mas decorre da concordância universal do ensino dos Espíritos,
caracterizando Jesus como aquele que expressou com mais pureza as leis divinas.
Em momento algum o homem esteve
desprovido do acesso ao conhecimento de tais leis, uma vez que estão na
Natureza, porém a efetiva compreensão da realidade depende do próprio processo
evolutivo do ser.
Antes de Jesus, diferentes pessoas se
propuseram a revelar a verdade conforme interesses e limitações culturais
inerentes a cada uma. Um equívoco comum foi confundir as leis que regem a vida
da alma com aquelas que regem a vida do corpo, ou ainda, tomar como divina o
que não passava de lei transitória humana para servirem às paixões e dominação.
Mesmo trazendo as mais puras
explicações e orientações alinhadas com as leis naturais, enquanto esteve
encarnado Jesus frequentemente ensinou por parábolas e alegorias, respeitando a
capacidade cognitiva dos homens de sua época. Destacou, também, que não se
propunha a ensinar tudo, motivo pelo qual anunciou a vinda do Consolador para
essa finalidade, além de lembrar seus ensinamentos que seriam esquecidos ou mal
interpretados.
Cumprindo esse papel, o Espiritismo
amplia a compreensão da realidade de maneira direta, sem simbolismos e sem mensagens
exclusivas a um pequeno grupo de iniciados, espargindo luzes onde as trevas da
ignorância e da superstição impediam conhecer a natureza, a origem e o destino
dos Espíritos, bem como suas relações com o mundo corporal.
Ao sinalizar a moral cristã como parte
integrante de seus próprios princípios e valores doutrinários, o Espiritismo
expressa, dessa maneira, a Boa Nova em sua essência, interpretada e explicada
diretamente pelos Espíritos, porém não se restringe aos registros históricos
atribuídos a Jesus. As consequências morais que o Espiritismo aponta diante do
conhecimento atual da realidade do ser e das relações universais são mais
objetivas e abrangentes, típico do processo progressivo do saber humano. É
inadequado, assim, tratar a doutrina espírita e a essência moral cristã como se
fossem elementos separados, uma vez que essa última já está considerada no
corpo teórico do Espiritismo.
Os exemplos e ensinos de Jesus
permeiam todas as obras básicas do Espiritismo, não estando encerrados em um ou
outro livro. Certamente, há maior quantidade de citações sobre ele na obra que
desenvolve os seus ensinamentos morais. Em O evangelho segundo o Espiritismo, contam-se
274 menções a Jesus no texto elaborado por Allan Kardec. O segundo livro, com
quase tantas citações, é A gênese, com 261. Na sequência, com menor
concentração de menções, estão: O livro dos Espíritos (44), O céu e o inferno
(36) e O livro dos médiuns (20).
Uma vez que Jesus e Espíritos
superiores participaram da estruturação do Espiritismo, a moral cristã
permaneceu em desenvolvimento e novos esclarecimentos foram fornecidos sobre a
realidade espiritual.
O método de Kardec para legitimar o
ensino dos Espíritos pela universalidade é o que garante a consistência interna
do corpo teórico espírita.
Para se assumir Jesus como guia e
modelo, deve-se compreender e praticar o ensino doutrinário, realizando o aperfeiçoamento moral e intelectual. Como já afirmou o Espírito da Verdade: espíritas, amai-vos
e instrui-vos.
Fonte: https://usesp.org.br/wp-content/uploads/2023/12/reDE-198-novembro-dezembro-2023.pdf
Paz e amor de Jesus!
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