Revista Espírita –
abril/1861
Ensinos e Dissertações
Espíritas
VAI NASCER A VERDADE
(Enviado pelo Sr. Sabò,
de Bordeaux)
Quais são os dolorosos gemidos que vêm retumbar
em meu coração, fazendo vibrar todas as suas fibras?
É a Humanidade que se debate no esforço de rude
e penoso trabalho, porque vai dar à luz a Verdade.
Acorrei, espíritas, arrumai-vos em redor de seu
leito de sofrimento; que os mais fortes entre vós tenham os membros retesados
sob as convulsões da dor; que os outros esperem o nascimento dessa criança e a
recebam nos braços à sua entrada na vida.
Chega o momento supremo; num último esforço ela
escapa do seio que a havia concebido, deixando sua mãe por algum tempo abatida
na atonia da fraqueza.
Entretanto, nasceu sadia e robusta, e de seu
largo peito aspira a vida a plenos pulmões.
É preciso que a sigais passo a passo na vida,
vós que assististes ao seu nascimento.
Vede! A alegria de ter gerado deu à sua mãe uma
recrudescência de força e coragem, e é com entoação materna que chama todos os
homens a agrupar-se em torno dessa criança abençoada, porque pressente que de
sua voz retumbante, em alguns anos vai fazer cair os andaimes do Espírito de
mentira e, verdade imutável como o próprio Deus, chamar pelo Espiritismo todos
os homens à sua bandeira.
Mas ele só comprará o triunfo ao preço da luta,
porque tem inimigos encarniçados que conspiram a sua perda. Esses inimigos são
o orgulho, o egoísmo, a cupidez, a hipocrisia e o fanatismo, inimigos
todo-poderosos, que até então reinaram como senhores e não se deixarão
destronar sem resistência.
Alguns riem de sua fraqueza, mas outros se
assustam com a sua vinda e pressentem a própria ruína.
Eis por que procuram fazê-lo perecer, como
outrora Herodes buscou fazer perecer Jesus no massacre dos inocentes.
Esta criança não tem pátria; percorre toda a
Terra, procurando o povo que há de ser o primeiro a arvorar a sua bandeira, e
esse povo será o mais poderoso entre os povos, pois tal é a vontade de Deus.
Massillon
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